Campos Neto afirma que criptomoedas influenciaram o Pix e Drex
O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, compartilhou algumas reflexões sobre o impacto das criptomoedas e tecnologias descentralizadas no sistema financeiro do Brasil. Ele acredita que o crescente interesse das novas gerações por essas inovações tem sido fundamental na transformação digital do setor nos últimos anos.
Em um artigo publicado na Folha de S. Paulo, Campos Neto contou que a equipe dele começou a prestar atenção nas opiniões e necessidades dos “usuários do futuro”. Perguntaram-se por que muitos jovens veem as criptomoedas como uma alternativa interessante aos bancos tradicionais. E o que descobriram? As respostas reuniram cinco características: rapidez, baixo custo, segurança, transparência e abertura. Esses aspectos formaram a base da Agenda BC#, um programa que resultou em iniciativas como o Pix, o Open Finance, a internacionalização do real e o Drex.
Ele explica que a tokenização está mudando a forma como encaramos a economia, e o Drex, nova moeda digital, foi pensado para trazer as vantagens das finanças descentralizadas para um ambiente regulado. Campos Neto destaca que o Drex é uma versão digital do real, sendo lastreada em depósitos bancários e segura pela atuação do Banco Central. Isso ajuda a evitar a desintermediação do sistema bancário, servindo como modelo para outros países.
No foram de suas reflexões, Campos Neto também mencionou a importância do Pix, que já conseguiu incluir mais de 70 milhões de novos usuários no sistema financeiro. Ele vê isso como um dos grandes avanços em inclusão financeira na nossa história recente.
Além disso, abordou a internacionalização da moeda brasileira, que ganhou força com o novo marco cambial, e o conceito de Open Finance. Este último visa permitir que os consumidores tenham mais controle sobre seus dados financeiros, reduzindo a assimetria de informações entre eles e as instituições financeiras.
O ex-presidente do Banco Central crê que o Brasil está prestes a viver uma revolução na intermediação financeira. A ideia é que em breve todos possam acessar suas informações e produtos financeiros por meio de um único aplicativo, com a ajuda de tecnologias como inteligência artificial. Essas ferramentas poderão personalizar recomendações e alertas para cada usuário.
Ele finaliza dizendo que essa visão pode parecer um sonho distante, mas muitos elementos dessa realidade já estão ao nosso alcance. O compartilhamento seguro de dados tende a aumentar a concorrência entre os bancos, resultando em serviços mais eficazes. Campos Neto acredita que o Brasil se encontra na vanguarda da inovação financeira, mostrando um caminho que pode servir de modelo para o mundo.