Como as remessas estão mudando o mercado cripto na América Latina
O uso de criptomoedas na América Latina tem crescido de forma impressionante nos últimos anos. De 2021 até 2024, o volume de transferências realizadas por exchanges centralizadas disparou de US$ 3 bilhões para US$ 27 bilhões. É um salto que reflete como milhões de pessoas na região estão buscando formas mais seguras e rápidas de movimentar seu dinheiro.
Essa busca se deve a razões práticas: muita gente quer proteger sua renda da inflação, escapar da volatilidade das moedas locais ou mesmo simplificar o envio de dinheiro para famílias e amigos. O que inicialmente parecia ser apenas uma “tendência” se transformou em uma opção real para a estabilidade financeira de muitos.
As remessas internacionais são um ótimo exemplo dessa revolução. Com mais de US$ 160 bilhões sendo enviados entre países até 2024, as criptomoedas estão se mostrando uma alternativa mais rápida e barata em comparação com os métodos tradicionais. Para muitas famílias, esse novo jeito de transferir dinheiro já faz parte do dia a dia.
**1. Popularização de Stablecoins e Carteiras Digitais**
A alta dos custos e a demora nos serviços tradicionais de remessa levaram muitos latino-americanos a optar por soluções digitais. Já pensou em pagar até US$ 65 por uma transferência que pode levar dias? Enquanto isso, stablecoins como USDT e USDC oferecem uma alternativa rápida e econômica. Essas moedas digitais, que são atreladas ao dólar, permitem transferências quase instantâneas e sem intermediários — isso faz com que, em julho desse ano, 90% das transações nas exchanges da região fossem feitas com essas moedas.
Além disso, o uso de carteiras digitais está se espalhando, com plataformas conhecidas como MercadoLivre e Nubank ganhando espaço. A Bitso, uma exchange que movimentou mais de 10% das remessas entre os Estados Unidos e o México, é só um exemplo de como essa transformação torna as operações financeiras mais simples para milhões de pessoas.
**2. Aumento no Volume de Operações com Bitcoin**
As stablecoins não são apenas uma solução para quem busca estabilidade; elas também servem como porta de entrada para o Bitcoin e outros criptoativos. Mesmo durante uma desaceleração econômica no início de 2025, a América Latina viu um volume de US$ 16,2 bilhões em negociações, um aumento de 42% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Bitcoin permanece como o segundo ativo mais negociado na região, perdendo apenas para as stablecoins.
O Bitcoin, como reserva de valor, se destaca entre os usuários. Dados mostram que ele representa 54% da composição média das carteiras na América Latina. Essa confiança é alimentada pela valorização do ativo e pelo crescente interesse de instituições financeiras, que estão cada vez mais se aproximando do mercado cripto.
**3. Maior Participação de Instituições e Novas Parcerias Estratégicas**
O sucesso das criptos nas remessas está atraindo a atenção de grandes instituições financeiras. Já faz parte da realidade de 71% das empresas financeiras na região o uso de stablecoins para operações mais ágeis. Um exemplo é a Félix Pago, que trocou a rede SWIFT pelas stablecoins, reduzindo em 40% os custos das transações para os clientes. E o melhor: agora tudo pode ser feito pelo WhatsApp, sem que o usuário precise entender toda a complexidade do mundo cripto.
Com esse cenário, bancos tradicionais estão intensificando suas pesquisas sobre o uso das criptomoedas para facilitar transferências financeiras.
**4. Mudanças nas Regulamentações e Avanço das Soluções DeFi**
A rápida adoção das criptomoedas está pressionando governos a repensarem suas regulamentações. Enquanto isso, o ecossistema de Finanças Descentralizadas (DeFi) cresce, oferecendo serviços que vão de empréstimos a negociações, tudo sem intermediários tradicionais.
Vários países começam a deixar sistemas ultrapassados para atrás, buscando métodos mais modernos. Um exemplo recente é a parceria entre El Salvador e Bolívia para discutir políticas voltadas à cripto. Essa colaboração mostra o potencial inovador da região e como as remessas podem ser a chave para a popularização das criptomoedas.
Fabián Delgado, da Bitfinex, fala sobre a revolução que esse movimento representa. As criptomoedas, impulsionadas pelas remessas, estão mostrando que podem oferecer soluções financeiras melhores, mais ágeis e inclusivas para milhões de pessoas que, historicamente, foram deixadas de lado pelo sistema financeiro tradicional.





