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Corte de juros do Fed não impulsiona alta do Bitcoin

A menos de uma semana da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), o clima no mercado é de expectativa. Muitos operadores estão apostando que as taxas de juros nos Estados Unidos poderão cair em pelo menos 0,25%. E as chances de uma redução ainda maior, de 0,5%, também não são descartadas, com os dados da famosa ferramenta FedWatch mostrando 7,2% de probabilidade.

Esse otimismo vem de sinais de desaceleração na economia e no mercado de trabalho, além da inflação que, embora ainda esteja acima da meta de 2% estipulada pelo Banco Central dos EUA (Fed), não apresenta um crescimento alarmante. Com isso, muitos acreditam que os cortes de juros podem acontecer nas próximas três reuniões do FOMC até o final do ano.

Em geral, uma queda nas taxas de juros costuma trazer mais liquidez para o mercado, empurrando para cima os ativos de risco. No entanto, uma análise feita pela Binance Research revelou que não há uma relação consistente entre o preço do Bitcoin e a política monetária do Fed.

Os cortes de juros e o Bitcoin

O estudo, intitulado “Os cortes nas taxas de juros realmente influenciam o preço do Bitcoin?”, investigou os ciclos de cortes de juros que ocorreram em 2019 e agora em 2024. A pesquisa concluiu que o comportamento do Bitcoin é influenciado por vários fatores, e os juros são apenas um deles, não sendo necessariamente o mais importante.

Em 2019, a criptomoeda respondeu à política do Fed com um movimento clássico de “compre o boato, venda a notícia”. Nos meses que antecederam o corte das taxas, o Bitcoin saltou de cerca de US$ 4.000 para US$ 13.000, impulsionado por um otimismo generalizado. Mas assim que o corte foi anunciado, seu preço despencou, enquanto o índice S&P 500 continuou em alta. Isso indica que o mercado já havia precificado a redução.

Ao contrário do que aconteceu em 2019, neste ano o ciclo de corte não foi antecedido por uma tendência de alta significativa do Bitcoin, que acabou se mantendo em um intervalo de preços entre US$ 50.000 e US$ 70.000.

Liquidez é o que importa

Outro ponto importante que o relatório destaca é que nem mesmo a expectativa do mercado em relação a possíveis cortes de juros apresenta uma correlação firme com o preço do Bitcoin. Através de dados dos mercados futuros de taxas de juros, os analistas descobriram que a relação é muito instável, oscilando entre -0,5 e +0,5. Essa variação é bem abaixo do que costuma ser considerado significativo.

Mais do que os juros, a liquidez global é o real termômetro a ser observado. Os especialistas da Binance acreditam que a recente correção no preço do Bitcoin se deve à expectativa de uma restrição de liquidez. O Índice de Condições Financeiras do Fed de Chicago (NFCI) mostra que, quando as condições financeiras estão mais flexíveis, o Bitcoin tende a se valorizar.

Atualmente, o NFCI indica que estamos passando por um início de restrição de liquidez, impulsionado pela reestruturação de contas e pela diminuição de saldos de recompra no sistema financeiro. Portanto, mesmo que os cortes de juros sejam confirmados, isso talvez não seja suficiente para reverter esse cenário e potencializar o preço do Bitcoin.

Catalisadores além do Fed

Finalmente, o relatório sugere que os fatores que podem fazer o Bitcoin sair da sua atual zona de consolidação são mais abrangentes do que simplesmente ações do Fed. Para que a criptomoeda deslanche, pode haver necessidade de uma postura mais agressiva do Fed ou a nomeação de diretores que sejam a favor de uma política monetária mais flexível.

Outros fatores regulatórios e macroeconômicos também podem influenciar, como a aprovação de novas leis sobre criptoativos nos EUA ou uma maior adoção por instituições financeiras.

Por outro lado, surge como preocupação um aumento das tensões geopolíticas, especialmente na Europa, que pode afetar negativamente o sentimento do mercado. Recentemente, uma análise técnica indicou que o Bitcoin poderia atingir US$ 360.000 ainda neste ciclo de alta, caso todos esses fatores se alinhassem de maneira otimizada.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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