Desbancarização de criptomoedas continua, afirma CEO da Unicoin
Empresas do setor de criptomoedas têm enfrentado dificuldades com o fechamento de contas e obstáculos para receber serviços bancários. Esse fenômeno, conhecido como desbancarização, é visto por muitos como um movimento orquestrado para limitar a expansão dos ativos digitais, uma prática que alguns chamam de “Operação Chokepoint 2.0”.
Quando a equipe do ex-presidente Donald Trump venceu as eleições, muitos imaginaram que essa onda de desbancarização estaria com os dias contados. A postura dele durante a campanha parecia favorecer as criptomoedas, e esperava-se que os bancos se tornassem mais flexíveis ao lidar com clientes do setor.
Entretanto, novos acontecimentos mostram que essa prática ainda está forte. Recentemente, o sócio da Andreessen Horowitz, Alex Rampell, alertou que instituições financeiras estão, na verdade, endurecendo sua posição. Ele mencionou que bancos conhecidos estão pressionando aplicativos de fintech e troca de criptomoedas na chamada “Operação Chokepoint 3.0”, elevando tarifas para acessar dados de contas ou transferir dinheiro para plataformas como Coinbase e Robinhood.
Alex Konanykhin, CEO da Unicoin, falou sobre sua experiência e confirmou que vários bancos americanos continuam a desbancarizar empresas do setor sem justificativas claras. Ele citou cinco instituições que cancelaram contas da Unicoin e suas subsidiárias recentemente, incluindo Citibank, Chase e Wells Fargo.
Um porta-voz do Chase não quis comentar sobre o caso, mas afirmou que a instituição apoia a iniciativa do governo Trump de eliminar barreiras regulatórias desnecessárias.
Desbancarização em Grande Escala
Konanykhin ressaltou que só neste ano a Unicoin perdeu contas em quatro bancos, o que indica uma operação em larga escala contra as criptomoedas. Ele argumenta que essa desbancarização cria um ambiente muito complicado para as empresas do setor nos Estados Unidos, privando elas de serviços financeiros essenciais.
Uma recente matéria da Bloomberg revelou que Trump pretende assinar uma ordem executiva para que os órgãos reguladores bancários federais identifiquem e punam instituições que praticam a desbancarização. Essa medida exigiria que os reguladores analisassem os dados de reclamações e que bancos, sob supervisão da Small Business Administration, trabalhassem para reerguer clientes que foram indevidamente desbancarizados.
Konanykhin expressou otimismo quanto à possibilidade dessa ordem ajudar a aliviar a situação. “O presidente entende bem o que a desbancarização causa e parece decidido a acabar com essa guerra econômica contra empresas americanas”, destacou. Para ele, reverter essa situação poderia fazer com que o setor cripto dos EUA se tornasse um líder global. Ele comparou o impacto potencial das criptomoedas ao que Hollywood representa na indústria do entretenimento ou o Vale do Silício na tecnologia.
Reforma nas Criptomoedas e o Futuro das Regras
Enquanto isso, Elizabeth Blickley, especialista em contencioso tributário, explicou que, mesmo com as orientações de Trump para integrar criptomoedas ao sistema financeiro tradicional, tudo depende de como as regulatórias serão de fato definidas. Ela mencionou o Genius Act, que estabelece um prazo de 180 dias para que o Comitê de Revisão de Certificação de Stablecoins do Federal Reserve desenvolva um marco regulatório.
Blickley também fez uma observação importante: muitos projetos de lei no Congresso costumam não seguir adiante, e qualquer legislação que venha a ser aprovada provavelmente enfrentará disputas legais. “Uma nova regulamentação pode parecer atender a solicitação do presidente, mas pode ter impactos limitados dependendo de como é redigida”, afirmou.
Por enquanto, segundo Blickley, os bancos devem continuar com uma abordagem cautelosa em relação às criptomoedas até que regulamentações consigam diminuir as percepções de risco associado a elas. A questão central é fazer com que aquelas entidades que hesitam em adotar práticas novas sintam que o setor cripto é mais seguro.