Dupla observa roubo de R$ 122 milhões em criptomoedas na prisão
Dois homens na Escócia estão prestes a enfrentar um julgamento por, supostamente, terem arquitetado um golpe para roubar quase R$ 122 milhões (ou £ 17 milhões) através de uma série de assaltos que envolvem criptomoedas. Robert Barr e Barry Letham compareceram ao Tribunal Superior de Glasgow nesta semana, e as acusações incluem conspiração com outros envolvidos entre março e junho de 2024, com parte do plano sendo elaborado enquanto um deles estava encarcerado em Edimburgo.
Os promotores afirmam que a dupla e seus cúmplices tinham a intenção de atacar diversas residências na Escócia e na Inglaterra, onde os moradores eram conhecidos por armazenar “quantias significativas de ativos em criptomoedas”. Além disso, Barr e Letham estão relacionados a um roubo separado em Midlothian, onde teriam furtado uma carteira de criptomoedas, joias e equipamentos eletrônicos.
Os dois se declararam inocentes e o julgamento está previsto para começar em setembro de 2026.
Roubos de criptomoedas em ascensão
Esse caso surge em um momento em que a preocupação com roubos de criptomoedas está aumentando. Em vez de apenas furtos residenciais, os chamados “ataques de chave inglesa” estão em alta, onde detentores de criptomoedas são ameaçados fisicamente. Apenas este ano, houve vários incidentes sérios, como o assassinato de um homem na Coreia do Sul.
Marilyne Ordekian, uma advogada e pesquisadora, destacou que esses ataques estão se tornando mais frequentes. Embora não sejam tão comuns quanto outras formas de crime relacionado a criptomoedas, as consequências podem ser devastadoras, já que envolvem uma ameaça direta à segurança pessoal das vítimas. Ordekian observou que a incidência desses crimes costuma coincidir com os altos preços do Bitcoin.
Por exemplo, os números de ataques aumentaram no final de 2017 e novamente em 2021, em períodos em que o Bitcoin estava em alta histórica. Segundo a TRM Labs, esses assaltos são mais frequentes em áreas onde há uma importante presença de criptomoedas, as chamadas zonas de “autoguarda”. Lá, os criminosos acreditam que as vítimas podem ter ativos significativos fora do sistema bancário tradicional.
É interessante notar que muitos desses crimes não são reportados, muitas vezes por medo das vítimas em se tornarem alvos novamente. Porém, uma boa notícia é que nem todos os ataques de chave inglesa têm sucesso. De uma pesquisa da UCL sobre 105 casos, cerca de um terço não resultou em roubo.
Outro dado importante é que qualquer um pode ser uma potencial vítima. Ordekian revelou que até mesmo pessoas com perfis públicos, como influenciadores e especialistas em criptomoedas, atraem mais atenção dos agressores. Conversas sobre ativos digitais, por exemplo, podem aumentar o risco.
Além disso, amigos e familiares também podem se tornar alvos, especialmente se souberem dos portfolios de criptomoedas das vítimas. Assim, é fundamental que os detentores desses ativos tomem precauções.
Ari Redbord, da TRM Labs, sugere algumas práticas de segurança: limitar as referências públicas sobre os ativos, usar carteiras que necessitam de múltiplas assinaturas ou que estejam bloqueadas durante coação, e, sempre que possível, armazenar criptomoedas em cold wallets, que oferecem maior segurança.