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Especialistas afirmam que queda das criptomoedas não indica bear market

No último fim de semana, o mercado de criptomoedas teve um dos momentos mais turbulentos de sua história. Em apenas algumas horas, mais de US$ 19 bilhões em posições foram liquidadas, e o Bitcoin sofreu uma queda drástica, chegando perto dos US$ 100 mil. O valor total do mercado encolheu em mais de US$ 1 trilhão. Foi um verdadeiro “banho de sangue”, como alguns analistas descreveram, e as razões por trás desse movimento estão ligadas às tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China.

A situação se agravou em um cenário onde o mercado estava muito alavancado e com baixa liquidez em algumas corretoras. Agora, muitos investidores ficam em dúvida: isso é apenas um evento isolado ou o começo de um período de correção mais longo, como um bear market?

Análise do Impacto

Ana de Mattos, analista técnica e trader da Ripio, comentou que o que aconteceu no dia 10 de outubro foi um “evento fora da curva”. Segundo ela, as declarações do ex-presidente Trump sobre novas tarifas comerciais atuaram como um gatilho que desencadeou uma onda de liquidações. “Em questão de minutos, bilhões foram liquidadas. Esse tipo de evento pontual pode ter consequências enormes,” diz Ana.

Ela ressalta que, embora o impacto tenha sido significativo, isso não necessariamente significa que o setor esteja diante de um novo ciclo de baixa. “Ainda não dá para afirmar que estamos em um bear market prolongado. As criptomoedas mais sólidas, aquelas com adoção e interesse real, continuam com fundamentos intactos.”

Queda ou Início de um Ciclo de Baixa?

Essa visão é compartilhada pelo time de pesquisa do Mercado Bitcoin, que considera o episódio mais uma movimentação técnica de desalavancagem do que o início de um bear market. Eles acreditam que o mercado deve seguir um caminho de recuperação gradual após o que chamaram de “flash crash,” especialmente porque a crise comercial parece estar perdendo força à medida que os países sinalizam disposição para dialogar.

Entretanto, o time de análise também alerta que a volatilidade vai continuar. Com o governo dos EUA em shutdown e a falta de dados econômicos recentes, o mercado se torna ainda mais sensível a notícias políticas. Mesmo assim, a equipe acredita que o episódio foi uma situação pontual, reforçada por entradas robustas nos ETFs americanos logo no início do mês.

“Vimos grandes instituições, como a BlackRock, aproveitando essa pinguela para acumular Bitcoin quando o preço caiu para US$ 105 mil. Isso indica que a demanda por criptoativos ainda é forte,” explicam.

Por outro lado, a Bitfinex confirma que a intensidade do movimento foi grande. O Bitcoin, que chegou a US$ 126 mil na semana anterior, caiu para menos de US$ 103 mil, uma desvalorização de 18%. O Ether também viu uma queda significativa de US$ 4.750 para US$ 3.500, e várias altcoins despencaram mais de 80%. “Foi o maior evento de liquidação da história em valores nominais, superando até os recordes da crise da COVID e da queda da FTX,” afirma o relatório da corretora.

Cenário Econômico Incerto

O contexto econômico geral também pesa na recuperação do mercado. A ata mais recente do Federal Reserve mostrou divisões internas sobre o momento e a intensidade de possíveis cortes de juros nos EUA. Enquanto alguns membros do comitê falam em fomentar estímulos devido à desaceleração do emprego, outros se preocupam com a inflação e a necessidade de cautela.

Esse impasse, aliado ao shutdown do governo e à falta de novos dados oficiais, cria um clima de incertezas. Os analistas ressaltam que a expectativa de novos cortes de juros até o fim do ano pode redirecionar investimentos de renda fixa para ativos que podem oferecer maior retorno, como o Bitcoin e outras criptomoedas. Além disso, há perspectivas regulatórias positivas, como a possível aprovação de ETFs de altcoins em 2025, o que deve fortalecer a confiança institucional.

Por ora, a principal preocupação é se o Bitcoin conseguirá se manter acima dos US$ 110 mil, um patamar que é considerado crucial para indicar uma estabilização. Se conseguir, pode haver espaço para uma recuperação que leve até os US$ 120 mil. Se não, o mercado pode revisitar os US$ 100 mil antes de encontrar um suporte mais firme.

O que se observa atualmente é que o mercado de criptomoedas está em um processo de reequilíbrio. A liquidação em massa eliminou uma parte da alavancagem excessiva, criando um ambiente mais favorável para um crescimento saudável. Embora a volatilidade continue alta, os sinais de recuperação e o interesse das instituições sugerem que este desafio é apenas um pequeno obstáculo em um ciclo que ainda parece promissor.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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