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EUA e Europa podem entrar em disputa por reservas de BTC

O debate sobre o papel do Bitcoin (BTC) como ativo de reserva estatal voltou a ser um assunto quente. Recentemente, parlamentares da Suécia e dos Estados Unidos começaram a discutir propostas para incluir o Bitcoin nas reservas nacionais, lado a lado com o ouro e moedas de outros países. Embora ainda estejam nas primeiras etapas, essas iniciativas sinalizam que algumas das principais economias do Ocidente estão levando a ideia de colocar o BTC nos seus balanços oficiais a sério.

Propostas em andamento: Suécia e Estados Unidos

Na Suécia, no dia 2 de outubro, parlamentares do partido Democratas Suecos pediram ao governo que avaliasse a criação de uma reserva nacional de Bitcoin. Eles sugeriram que essa reserva poderia incluir criptomoedas já confiscadas em operações policiais. Além disso, expressaram ceticismo em relação às moedas digitais propostas pelos bancos centrais.

Na mesma data, nos EUA, o deputado Nick Begich voltou a falar sobre a ideia de uma “Reserva Estratégica de Bitcoin”, ressuscitando um projeto já mencionado anteriormente. O plano prevê acumular até 1 milhão de BTC ao longo de cinco anos, utilizando mecanismos que não exigiriam novas aprovações orçamentárias. Essa sincronia nas decisões políticas mostra que ambas as democracias estão explorando maneiras de institucionalizar o Bitcoin como um ativo estratégico.

O impacto potencial de compras soberanas

Se os EUA decidirem comprar 1 milhão de BTC, isso equivale a 4,76% do total de 21 milhões de unidades que existem. A estimativa de custo seria em torno de US$ 120 bilhões, considerando o preço de US$ 120 mil por unidade. Mesmo um investimento menor teria um impacto significativo, pois limitaria a oferta disponível e destacaria a escassez do ativo.

O caso de El Salvador, que possui pouco mais de 6.260 BTC, demonstra a visibilidade que uma nação pode alcançar ao adotar o Bitcoin. Isso representa apenas 0,03% do fornecimento total, mas já é suficiente para colocar o assunto na pauta internacional. Na Europa, além da Suécia, o presidente do Banco Central da República Tcheca indicou que poderia destinar até 5% das reservas cambiais para o BTC, o que corresponderia a cerca de 63 mil BTC, ou 0,3% do total global.

Caminhos legais e institucionais

As formas de implementar essas ideias podem variar bastante de um país para outro. Na Suécia, a proposta precisaria ser aprovada pelo parlamento e, caso fosse aceita, o Ministério das Finanças e o banco central deveriam realizar estudos de viabilidade, seguindo os moldes utilizados para ouro e outras reservas.

Nos EUA, o processo poderia ser mais direto, com o Congresso legislar sobre as compras, apoiado por ordens executivas já existentes. O projeto do BITCOIN Act sugere um financiamento que evita novas aprovações orçamentárias, utilizando recursos do Federal Reserve.

Experiências em nível estadual também moldam esse cenário. Por exemplo, o estado de New Hampshire já autorizou o uso de até 5% de fundos públicos para investir em ativos como Bitcoin, enquanto o Paquistão lançou um programa nacional de mineração e implantação de centros de dados que incluirão reservas em BTC.

Como as reservas de BTC mudariam o mercado

A criação de reservas soberanas poderia mudar a forma como o Bitcoin se relaciona com variáveis econômicas. Especialistas apontam três pilares dessa transformação:

  1. Um mandato legal claro para a compra e custódia do ativo, com regras de auditoria e transparência.

  2. Um modelo de financiamento previsível, seja por meio de reequilíbrio de reservas na Europa ou mecanismos neutros nos EUA.

  3. Divulgação regular dos volumes mantidos, semelhante ao que já acontece com reservas de ouro ou moeda estrangeira.

Esse novo interesse governamental pode reduzir a correlação entre o Bitcoin e as taxas de juros, aproximando sua dinâmica do que se observa no mercado de ouro após anos de compras oficiais.

O tamanho das iniciativas em perspectiva

Os números em jogo são impressionantes:

  • EUA: até 1 milhão de BTC (4,76% do total).
  • Reservas já detidas pelo governo dos EUA: cerca de 200 mil BTC apreendidos (quase 1% do total).
  • Banco Central da República Tcheca: até 63 mil BTC (0,3% do total).
  • El Salvador: mais de 6.260 BTC (0,03% do total).

Essas estatísticas mostram que, embora o debate ainda esteja em crescimento, qualquer movimentação de uma grande economia pode impactar drasticamente a liquidez e a formação de preços do Bitcoin.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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