Faraó do Bitcoin é sentenciado a 19 anos por crimes financeiros
Glaidson Acácio dos Santos, mais conhecido como o “Faraó do Bitcoin”, foi condenado a 19 anos e 2 meses de prisão pela Justiça Federal do Rio de Janeiro. Ele foi responsabilizado por crimes de organização criminosa e corrupção ativa, conforme noticiado.
A decisão foi do juiz Nilson Luis Lacerda, da 1ª Vara Especializada em Organizações Criminosas. Glaidson deverá ser transferido para um presídio federal de segurança máxima fora do Rio. Além dele, Daniel Aleixo Guimarães, conhecido como Dany Boy e considerado seu braço direito, também foi condenado a 16 anos e 4 meses pelos mesmos delitos. A sentença foi publicada em 2 de outubro.
A prática criminosa
Durante o processo, o juiz destacou que houve evidências de que Glaidson montou uma estrutura para intimidar e até eliminar rivais. Ele mencionou que todos os alvos da organização eram concorrentes de sua empresa, a GAS Consultoria, e que Glaidson tratava a vida humana como um mero obstáculo. As ordens para eliminar concorrentes e a intenção de contratar um grupo para “fazer uma limpeza” em Cabo Frio foram citadas como exemplos do comportamento violento da organização.
Em relação à corrupção, o juiz explicou que ficou provado que Glaidson pagou R$ 150 mil em 2021 para que policiais civis realizassem uma operação contra um concorrente, visando prejudicar a imagem da empresa. As provas mostraram que ele não apenas concordou com o plano, mas também o ordenou.
A história do “Faraó do Bitcoin”
A GAS Consultoria, empresa de Glaidson, atraía clientes com promessas de altos rendimentos a partir do comércio de criptomoedas. Porém, logo esse esquema se revelou uma pirâmide financeira, levantando a atenção das autoridades e culminando em investigações sobre uma movimentação de impressionantes R$ 38 bilhões ao longo dos anos.
O “Faraó do Bitcoin” foi preso em 25 de agosto de 2021, durante a Operação Kryptos, onde diversos outros membros do esquema também foram detidos. Outros, como sua esposa, Mirelis Yoseline Dias Zerpa, conseguiram escapar, mas acabaram sendo capturados anos depois. Ela foi presa em janeiro de 2024 nos EUA por estar ilegalmente no país e foi deportada de volta ao Brasil em junho deste ano.
Na operação que levou Glaidson à prisão, a Polícia Federal e a Receita Federal apreenderam 591 bitcoins, além de uma coleção de carros de luxo e mais de R$ 13 milhões em dinheiro.
Pessoas próximas ao casal confirmaram que as funções na GAS eram bem definidas: Glaidson lidava com a parte de relacionamento, enquanto Mirelis cuidava das finanças. Em 2023, a GAS Consultoria foi convocada a depor na CPI das Pirâmides, onde Glaidson teve diversificadas trocas de farpas com deputados e chegou a ser chamado de “um dos maiores bandidos da história do sistema financeiro nacional”.
Para além do golpe contra seus investidores, ele também enfrenta acusações sérias por liderar um grupo criminoso que monitorava e assassinava rivais no mercado de criptomoedas, com evidências obtidas por meio de gravações.