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O “Faraó dos Bitcoins”: justiça do Rio começa julgamento de Glaidson Acácio dos Santos

Na próxima quarta-feira (24), a Justiça do Rio de Janeiro dará início a um dos julgamentos mais aguardados dos últimos anos: o caso de Glaidson Acácio dos Santos, mais conhecido como o “Faraó dos Bitcoins”. Glaidson, que foi detido em uma operação policial em 2021, será julgado por sua participação em um esquema de pirâmide financeira que lesou milhares de investidores através da GAS Consultoria.

Imagem de tribunal com juiz e Glaidson Acácio dos Santos, o "Faraó dos Bitcoins", no julgamento de seu caso de pirâmide financeira e homicídios.
“Faraó dos Bitcoins” pode ter sérios problemas com a justiça (Imagem/IA)

Primeira audiência do Faraó dos Bitcoins

O julgamento começará com a 1ª Vara Criminal Especializada de Combate ao Crime Organizado ouvindo as testemunhas elencadas pelo Ministério Público. A maioria dessas testemunhas são investidores que foram prejudicados pela GAS Consultoria. Este caso ganhou grande notoriedade, pois envolve não apenas questões financeiras, mas também crimes graves como homicídio.

Além do processo estadual, Glaidson também enfrenta acusações na Justiça Federal por crimes contra o sistema financeiro nacional. Essas acusações deram origem à Operação Kryptos, que resultou em sua prisão em agosto de 2021. A primeira audiência federal já ocorreu e a próxima está marcada para 10 de setembro.

O peso das acusações contra Glaidson

Além das acusações financeiras, Glaidson também enfrenta acusações de homicídio. Entre as vítimas está Nilson Alves da Silva, conhecido como Nilsinho, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato após denunciar o esquema de Glaidson e sugerir que os clientes da GAS transferissem seus fundos para outra empresa. As acusações de homicídio se somam às de financiamento de organização criminosa, o que complica ainda mais a situação judicial do Faraó dos Bitcoins.

A defesa de Glaidson tentou obter um habeas corpus com a alegação de problemas psiquiátricos, solicitando que ele respondesse ao processo em prisão domiciliar. No entanto, o pedido foi negado pelo ministro Gilmar Mendes, mesmo com a apresentação de um laudo psiquiátrico.

A ascensão e queda de Glaidson: de garçom a Faraó dos Bitcoins

Glaidson Acácio dos Santos teve uma ascensão meteórica. Até 2014, trabalhava como garçom em Búzios e havia se preparado para ser pastor na Igreja Universal. Em 2015, fundou a GAS Consultoria, prometendo rendimentos exorbitantes aos investidores. A empresa, que inicialmente prometia um retorno de mais de 10% sobre investimentos em Bitcoin, acumulou um capital social de R$ 75 milhões e movimentou cerca de R$ 38 bilhões até 2021.

Apesar do sucesso inicial, o modelo de pirâmide financeira da GAS atraiu a atenção das autoridades, resultando em investigações que culminaram na prisão de Glaidson. Em sua mansão no Rio de Janeiro, foram encontrados R$ 14 milhões em dinheiro, barras de ouro, carros de luxo, joias e 591 BTC (equivalente a R$ 147 milhões). Sua esposa, Mirelis Yoseline Dias Zerpa, fugiu para os Estados Unidos, mas foi presa em Chicago por residência ilegal.

O caso de Glaidson também foi destaque na CPI das Pirâmides, onde ele protagonizou confrontos acalorados com deputados. A GAS Consultoria foi uma das muitas empresas convocadas para prestar esclarecimentos sobre seus esquemas fraudulentos.

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Gustavo Morais

Jornalista, com pós-graduação em Produção e Crítica Cultural. Cerca de 20 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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