FBI encerra corretora de criptomoedas ligada a lavagem de R$ 400 milhões
O Gabinete do Procurador dos EUA no Distrito Leste de Michigan anunciou na quarta-feira (17) que, em uma ação conjunta com o FBI, a Polícia Estadual de Michigan e outras agências internacionais, foram encerradas as atividades da corretora de criptomoedas E-Note. Essa operação faz parte de um esforço para combater uma rede que, segundo as autoridades, está ligada a organizações cibercriminosas que atacam a saúde e a infraestrutura crítica dos Estados Unidos.
Os promotores também comunicaram que Mykhalio Petrovich Chudnovets, de 39 anos, foi acusado de gerenciar o serviço, além de ser acusado por conspiração para lavagem de dinheiro. Esse tipo de crime pode resultar em até 20 anos de prisão. Essa denúncia, que foi protocolada em setembro, só foi divulgada agora.
De acordo com as acusações, Chudnovets se aliou a cibercriminosos com o objetivo de transferir lucros obtidos de forma ilícita por várias fronteiras e convertê-los de criptomoedas para dinheiro comum. Inicialmente, ele oferecia serviços pessoalmente, usando “mulas de dinheiro”. Desde 2017, ele passou a operar de forma mais estruturada através da E-Note.
R$ 400 milhões em lucros ilícitos
Desde 2017, o FBI identificou mais de US$ 70 milhões, ou quase R$ 400 milhões, provenientes de crimes como ataques de ransomware e invasões de contas, que foram transferidos por meio da E-Note. Isso inclui uma rede de “mulas de dinheiro” que ajudava nas movimentações.
Documentos judiciais mostram que Chudnovets começou a oferecer serviços de lavagem de dinheiro já em 2010. Após formalizar seus negócios, ele expandiu suas operações através da E-Note, possibilitando que clientes movimentassem lucros ilegais e convertessem criptomoedas em várias moedas fiduciárias.
As autoridades encerraram os servidores que hospedavam a E-Note e removeram os aplicativos e sites associados. Eles também conseguiram cópias de bancos de dados que podem auxiliar nas investigações em andamento. Apesar de toda a gravidade das acusações, a E-Note mantinha um perfil discreto. Especialistas em crimes cibernéticos afirmaram não ter conhecimento do serviço e que sua presença online era quase inexistente.
Repressão ao crime com criptomoedas
A ação contra a E-Note faz parte de uma repressão mais ampla nos Estados Unidos contra crimes cibernéticos. Nas últimas semanas, algumas operações notáveis incluem:
- A apreensão de cerca de US$ 1,5 milhão em criptomoedas ligadas a um golpe de investimento na Flórida.
- A acusação de uma ucraniana por envolvimento com ciberataques pró-Rússia.
- Um homem da Califórnia que se declarou culpado em uma quadrilha de roubo de criptomoedas, que resultou na perda de mais de US$ 263 milhões em bitcoins.
Apesar de ações rigorosas, os crimes envolvendo criptomoedas continuam a aumentar. Apenas em 2023, estima-se que US$ 3,4 bilhões em criptomoedas foram roubados, com grupos ligados à Coreia do Norte responsável por quase 59% dessas perdas. Além disso, o FBI relatou ter recebido cerca de 3.200 reclamações sobre fraude em investimentos com criptomoedas neste ano.





