FIFA sob investigação por comercialização de ingressos em blockchain
O Gespa, órgão que regula os jogos de azar na Suíça, iniciou uma investigação preliminar sobre a venda de tokens em blockchain pela FIFA. Esses tokens permitem que os torcedores troquem por ingressos para a Copa do Mundo de 2026. O governo suíço está atento a possíveis anomalias nessa prática.
A questão central da investigação é descobrir se esses tokens são considerados uma forma de jogo de azar. Caso afirmativo, a FIFA precisará de autorização do Gespa para seguir com a venda dos ingressos. Manuel Richard, diretor do órgão, explicou que é importante verificar se a FIFA está em conformidade com as normas locais.
Em palavras de Richard: “Após uma análise inicial, não podemos descartar que a oferta no site FIFA Collect seja relevante segundo a legislação de jogos de azar. O Gespa seguirá com uma investigação mais profunda para ver se ações regulatórias são necessárias.”
No site, a FIFA destaca que a compra desses tokens garante aos usuários a possibilidade de adquirir ingressos para a Copa do Mundo de 2026, que acontecerá na América do Norte. Além disso, os tokens trazem recompensas como o direito de comprar ingressos antecipadamente.
FIFA investigada por ingressos em blockchain
Antes da matéria da Bloomberg, o Gespa não tinha recebido denúncias a respeito dessa plataforma da FIFA. Agora, com essa nova pressão, a investigação começou. Como a FIFA está baseada em Zurique, a Suíça se envolveu no caso. Richard afirmou que, até o momento, a FIFA não foi acusada de nenhuma irregularidade. A investigação busca determinar se os tokens são simplesmente sistemas de recompensa ou se se encaixam na categoria de jogos de azar.
A Copa do Mundo de 2026 será realizada em 16 cidades nos EUA, México e Canadá. Neste torneio, 48 seleções participarão, um aumento em relação às 32 que competiam desde 1998. A expectativa é que essa edição se torne uma das mais rentáveis para a FIFA, com uma projeção de arrecadação de US$ 11 bilhões até 2026.
Nos EUA, muitos fãs de esportes estão abertos à negociação de criptomoedas, o que motivou a FIFA a explorar a blockchain e lançar campanhas como os tokens colecionáveis.
Direito de Compra
No ano passado, a FIFA começou a vender os chamados tokens Right to Buy (RtB), que dão aos compradores o direito de adquirir bilhetes para os jogos. Com esses tokens, quem as possui pode comprar ingressos antecipadamente para partidas específicas. Contudo, há limitações, como a impossibilidade de escolher times em alguns jogos. Esses tokens também podem ser negociados em mercados secundários.
Existem tokens atrelados a seleções nacionais, permitindo que torcedores resgatem ingressos de acordo com suas equipes. Por exemplo, o token Right to Final oferece a chance de comprar um ingresso para a final, mas só se o time comprado chegar à decisão. Assim, um torcedor que adquirir um token do Brasil só conseguirá acesso se a seleção for para a final. Com 48 seleções na competição, é provável que a maioria dos tokens não resulte na compra de ingressos, o que despertou a atenção do Gespa.
Ingressos a US$ 30.000
Recentemente, a FIFA lançou sua plataforma de revenda de ingressos, onde algumas entradas para a final da Copa estão à venda por até US$ 30.000, ou mais de R$ 170 mil. O Gespa tem a autoridade de exigir que empresas na Suíça, que burlam suas regras, cessem suas atividades. Isso significa que, se a FIFA estiver cometendo alguma irregularidade, a venda dos tokens pode ser interrompida.
Se a empresa envolvida for exclusivamente online ou estiver sediada no exterior, o Gespa pode solicitar que provedores de internet suíços bloqueiem o acesso aos sites dessas empresas. No entanto, como a sede da FIFA está na Suíça, é mais provável que o Gespa opte pela primeira alternativa caso encontre alguma irregularidade.
A FIFA, com sede em Zurique, opera a plataforma Fifa Collect em parceria com a Modex Tech, uma desenvolvedora de software blockchain que atua na Suíça, Gibraltar e Itália.