Google anuncia lançamento de sua própria blockchain
O Google deu um passo ousado e decidiu entrar no universo das blockchains, algo que pode transformar o cenário para redes como Ethereum e Solana. Recentemente, Rich Widmann, o chefe de estratégia Web3 da empresa, anunciou a criação do Google Cloud Universal Ledger, uma blockchain de Layer 1 desenvolvida pelo próprio Google.
Esse anúncio não veio do nada. Em março, já havia uma pista com a parceria do Google com a CME Group, uma das maiores bolsas de derivativos do mundo. Naquela época, as duas empresas estavam experimentando soluções de tokenização de ativos usando a infraestrutura que agora se confirmou com o GCUL.
A proposta da blockchain do Google
Segundo Widmann, o GCUL é resultado de anos de pesquisa e desenvolvimento na área de blockchain. O objetivo é criar uma rede que seja rápida, confiável e que suporte contratos inteligentes escritos em Python, uma linguagem já bastante conhecida por programadores. Isso pode facilitar a adoção por instituições financeiras, já que, em comparação com outras redes que usam linguagens mais específicas, como Solidity no Ethereum, o Google apostou em uma opção mais acessível.
A CME, por exemplo, já experimentou a nova tecnologia e planeja lançar novos serviços em 2026. Para eles, a infraestrutura do Google pode melhorar bastante a eficiência em áreas cruciais, como colateral, margem e liquidação, além de pagamentos em um mercado que nunca dorme.
Outro ponto importante é que o GCUL foi projetado para ser uma camada neutra de infraestrutura. Isso significa que, ao contrário de soluções mais restritas, como as da Circle ou Stripe, o Google deseja permitir que qualquer instituição financeira tenha acesso à rede, ampliando as possibilidades de uso para bancos, bolsas de valores e grandes empresas.
Competição direta com ETH e SOL
Analistas como Mike Ermolaev, que fundou a Outset PR, comentam que essa movimentação pode ter um impacto significativo sobre blockchains já estabelecidas. Atualmente, o Ethereum é o líder dos contratos inteligentes e é a base de bilhões em stablecoins e protocolos de finanças descentralizadas. A Solana, por sua vez, se destacou pela performance e taxas baixas, atraindo uma gama de usuários, desde emissões de stablecoins até empresas de games.
Com a infraestrutura privada proposta pelo Google, muitos bancos e instituições reguladas, que têm dificuldade em usar blockchains públicas, podem optar por essa solução. Isso pode ter um impacto direto no uso de stablecoins já existentes, como o USDT e o USDC.
Google e a corrida pela tokenização
A chegada do Google ao mercado não é isolada. Várias grandes instituições financeiras já estão explorando o potencial da tokenização de ativos reais. Um relatório publicado em parceria com a Solana no final de 2023 já sinalizava que as linhas entre blockchains públicas e privadas estão se tornando cada vez mais tênues.
Widmann se posiciona como um árbitro neutro nesse cenário, afirmando que instituições como a Tether ou a Adyen não teriam interesse em usar soluções de seus concorrentes, mas qualquer uma delas estaria livre para construir no GCUL. Esse fator pode ser decisivo para tornar a nova rede um padrão entre instituições financeiras.
Agora, é interessante ver como essa inovação vai impactar o mercado de criptomoedas e as soluções em tecnologia financeira nos próximos anos.