Identidade de PM e advogados presos por ligação com “Faraó do Bitcoin” é revelada
Uma semana depois que a Polícia Federal desencadeou a Operação Kryptolaundry, que prendeu um grupo próximo a Glaidson Acácio dos Santos, o famoso “Faraó do Bitcoin”, novos detalhes sobre os envolvidos surgiram. Glaidson ficou marcado por deixar milhares de investidores no prejuízo através da pirâmide financeira conhecida como GAS Consultoria.
Dentre os detidos, que ficaram apenas 24 horas na prisão, estão nomes como André Albuquerque Feitosa, um policial militar do Distrito Federal, e os advogados Phillipp Chaves Carneiro, Felipe José Silva Novais, além de suas respectivas esposas. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF) acompanhou a operação para garantir que os direitos dos advogados fossem respeitados, evitando abusos de autoridade.
As investigações revelaram que esse grupo movimentou mais de R$ 2,7 bilhões. Desses, R$ 404 milhões foram identificados como ilícitos, destinados ao enriquecimento de seus líderes. Ao todo, calcula-se que cerca de 62 mil pessoas foram vítimas, resultando em um lucro de R$ 3,8 bilhões.
A ação da polícia também incluiu 24 mandados de busca e apreensão e nove prisões preventivas, abrangendo um total de 45 investigados entre indivíduos e empresas. Seis pessoas foram presas no Brasil, enquanto duas foram detidas na Espanha, com apoio de autoridades internacionais.
A Justiça decidiu bloquear até R$ 685 milhões em contas bancárias e sequestrar propriedades, incluindo imóveis de luxo e fazendas, que supostamente serviam para ocultar a origem do dinheiro.
Como funcionava o esquema
As investigações apontam que os principais líderes eram o advogado Phillipp Carneiro e Felipe Novais, responsáveis por estruturar e expandir o esquema desde 2017. Eles receberam milhões diretamente da GAS, com valores exorbitantes, como mais de R$ 40 milhões para a Carneiro Novais Advogados Associados.
O grupo contava com operadores e sócios administrativos, como Alexandre Borges, André Feitosa e Matheus Bezerra, que facilitavam a movimentação de valores ilícitos por meio de empresas criadas para esse fim. Muitas dessas empresas apresentavam características de fachada, como encerramento rápido após transações suspeitas e múltiplas contas bancárias em nomes de familiares.
Um dos envolvidos, o terceiro-sargento da PM, André Feitosa, tinha um papel central no funcionamento do esquema em Brasília. Ele teria utilizado sua posição para integrar a organização criminosa, movimentando mais de R$ 89 milhões por meio de sua empresa, um número bem acima de sua capacidade declarada.
Durante a operação, a PF explicou que a quadrilha estruturava dezenas de empresas para disfarçar valores, ocultar bens e adquirir propriedades de alto valor. Eles se apresentavam como investidores de criptoativos e prometiam rentabilidades altíssimas, usando contratos elaborados e intensiva divulgação nas redes sociais para atrair investidores.
Entretanto, uma parte significativa do dinheiro arrecadado era desviada para os líderes da organização, que usavam criptomoedas para dificultar o rastreamento dos valores.





