O fundador da Terraform Labs, Do Kwon, está prestes a enfrentar um momento decisivo em sua trajetória. Na próxima quinta-feira (11), o juiz Paul A. Engelmayer, do Tribunal Distrital do Sul de Nova York, vai anunciar a sentença. Mas antes disso, ele fez questão de esclarecer alguns pontos importantes, levantando perguntas que podem impactar todo o caso.
De acordo com documentos que foram tornados públicos, o juiz apresentou seis questões que precisam ser respondidas para que ele possa tomar uma decisão mais embasada. Essas dúvidas envolvem detalhes sobre as penas que Do Kwon pode enfrentar, os efeitos para as vítimas e a situação legal dele fora dos Estados Unidos. Engelmayer quer saber, por exemplo, o que está acontecendo com as acusações que Kwon enfrenta na Coreia do Sul e se há algum acordo em curso com as autoridades daquele país.
Outros pontos questionados incluem a duração que o empresário esteve preso em Montenegro e se esse período pode ser considerado no seu julgamento nos Estados Unidos. O juiz também solicitou informações sobre como o Departamento de Justiça está lidando com a compensação das vítimas e se Do Kwon teria direito a alguma redução de pena sob a lei First Step Act. Além disso, ele ficou preocupado com a possibilidade de Kwon ser transferido para cumprir parte da pena em outro país, assegurando que isso não o levasse à libertação antecipada.
A promotoria dos EUA pediu uma pena de 12 anos de prisão, enquanto a defesa propôs cinco anos. O juiz espera respostas sobre essas questões até o dia 10 de dezembro, véspera da audiência.
Quem é Do Kwon?
No dia 2 de janeiro, Do Kwon se declarou inocente das acusações relacionadas ao colapso do ecossistema de criptomoedas Terra (LUNA). Essa foi sua primeira audiência oficial após ser extraditado. O empresário, que tem apenas 33 anos, é acusado de nove crimes, incluindo fraude de valores mobiliários, fraude eletrônica e conspiração para lavagem de dinheiro.
Kwon estava por trás da Terraform Labs, uma empresa que criou um ecossistema cripto que chegou a ser um verdadeiro sucesso, com aplicativos voltados para o token LUNA e a stablecoin TerraUSD (UST). O projeto ganhou muitos investidores e se tornou a terceira maior blockchain na época, apenas ficando atrás do Ethereum no início de 2022.
Naquele momento, o valor da LUNA estava nas alturas e o próprio Kwon chegou a fazer piadas nas redes sociais, desprezando pessoas que ele considerava “pobres”.
O colapso da LUNA
Porém, em maio de 2022, o sonho virou um verdadeiro pesadelo. O ecossistema Terra entrou em colapso, perdendo cerca de US$ 40 bilhões de investidores em questão de dias. Essa queda foi catastrófica, afetando o mercado como um todo e causando falências em muitos outros projetos cripto que tinham ligação com a Terra.
A principal stablecoin do projeto, a UST, não conseguiu manter sua paridade com o dólar, dando início a uma série de eventos que culminaram na desvalorização drástica de toda a plataforma. As autoridades dos EUA e da Coreia do Sul agora consideram Do Kwon um golpista que enganou os investidores, promovendo sua criptomoeda de forma desonesta.
As acusações indicam que, durante o funcionamento da Terraform, muitos produtos não operavam como Kwon divulgava. Segundo a acusação, isso criou uma falsa impressão de um sistema financeiro que, na verdade, não funcionava de maneira adequada.
Ele foi preso em Montenegro enquanto tentava sair do país com um passaporte falso. Desde então, seus advogados o mantiveram no local até dezembro, quando finalmente aconteceu a sua extradição para os Estados Unidos.
