Medo no mercado cripto após queda nas ações dos EUA
Na quinta-feira, uma onda de vendas no mercado de ações dos Estados Unidos atingiu em cheio o sentimento dos investidores. O resultado? O Bitcoin caiu para seu menor nível em sete meses, e o mercado de criptomoedas sofreu um desabamento significativo.
O índice S&P 500, após começar com uma recuperação, viu suas ações caírem quase 4%. A empolgação em torno dos resultados positivos da Nvidia também não durou; suas ações despencaram mais de 8%. Essa onda de vendas afetou todo o mercado, fazendo com que o valor de mercado das ações desabasse em mais de US$ 2,7 trilhões, enquanto o total das criptomoedas ficou pouco acima de US$ 3 trilhões, com uma queda de 7% só no dia.
À luz deste cenário, o clima entre investidores se tornou bastante sombrio, mergulhando em um estado de “medo extremo”. Isso ocorreu apesar do S&P 500 estar a menos de 6% de atingir seu pico recente de 6.920 pontos. O Bitcoin, por sua vez, enfrentou sua própria tempestade, voltando a ser cotado em torno dos US$ 85.000, um nível que não era alcançado desde abril. As liquidações no mercado de criptomoedas assustaram, atingindo US$ 829 milhões.
Por que essa queda aconteceu?
Um dos fatores que pode ter desencadeado essa liquidação de ações foi a divulgação do relatório de empregos de novembro. De acordo com a The Kobeissi Letter, o impacto dessa manchete foi, no máximo, parcialmente responsável. Para eles, essa movimentação é mais um sintoma de uma mudança na dinâmica de mercado.
Os analistas apontam que uma mistura de temores macroeconômicos e pressões técnicas está impulsionando essa nova queda nos ativos de risco e, consequentemente, afetando o sentimento de mercado. Embora muitos coloquem a culpa na bolha da inteligência artificial ou na aproximação do vencimento de opções, Peter Chung, da Presto Research, sugere que a preocupação com o risco no crédito privado é uma questão fundamental que ainda não foi suficientemente discutida.
A possibilidade de um corte nas taxas de juros em dezembro parece ter diminuído, uma vez que as autoridades do Fed estão divididas e cautelosas. Comentários da governadora Lisa Cook sobre o crédito privado levantaram novas preocupações. Essa diferença nos spreads de crédito, que indica o rendimento entre títulos corporativos e do Tesouro americano, intensifica a percepção de risco entre os investidores, e um aumento nos spreads muitas vezes é um sinal de recessão iminente.
Tim Sun, pesquisador do HashKey Group, comenta que os spreads nos EUA aumentaram apenas suavemente, indicando um estresse sistêmico limitado. A queda nas ações, então, depende mais do sentimento geral e da dinâmica de liquidez do que de notícias específicas. A pressão foi exacerbada por investidores que se precaveram contra a volatilidade da situação, comprando opções de venda antes da divulgação de resultados e do relatório de empregos.
E agora, o que esperar?
Peter Chung reitera que, se o risco no crédito privado se transformar em um problema mais amplo, isso poderá fazer o Fed reconsiderar os cortes de juros na reunião de dezembro, o que poderia beneficiar todos os ativos, incluindo as criptomoedas.
As chances de um corte de juros em dezembro caíram drasticamente, passando de quase 100% há um mês para apenas 35% agora. Por isso, Sun acredita que o sentimento negativo reflete uma reaalização das expectativas macroeconômicas, mais do que um colapso fundamental.
Se os dados econômicos futuros indicarem a necessidade de um corte nas taxas de juros, a situação pode melhorar. Porém, para uma recuperação mais robusta, será preciso um cenário macroeconômico mais favorável.
Devido ao clima econômico atual e ao ânimo dos investidores, os especialistas preveem uma fase instável por um bom tempo, especialmente com o rebalanceamento dos portfólios no final do ano. Lawrence Samantha, CEO da NOBI, destaca que a incerteza leva tanto investidores individuais quanto institucionais a agir com cautela, o que, por sua vez, acaba intensificando o medo no mercado.





