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Greenpeace critica mineração de Bitcoin e exige mudanças no código para reduzir consumo de energia

Em um novo relatório divulgado nesta terça-feira (18), o Greenpeace voltou a atacar a mineração de Bitcoin, destacando seu alto consumo de energia e as emissões massivas de carbono associadas. A organização ambientalista está pressionando grandes instituições financeiras a assumirem a responsabilidade por seus investimentos em empresas de mineração e a promoverem mudanças significativas no código do Bitcoin.

Consumo energético alarmante

De acordo com o Greenpeace, a mineração de Bitcoin consumiu cerca de 121 terawatts-hora (TWh) de eletricidade em 2023, equivalente ao consumo de um país industrializado de médio porte, como a Polônia. A maior parte dessa energia é gerada por combustíveis fósseis, resultando em grandes emissões de carbono.

A organização critica duramente as gigantes financeiras como BlackRock, Vanguard e MassMutual por investirem em empresas de mineração de Bitcoin. Esses investimentos, segundo o Greenpeace, contribuíram para mais de 1,7 milhão de toneladas de emissões de CO2 em 2022, comparáveis às emissões anuais de 335.000 residências americanas.

Falta de transparência e responsabilidade

O Greenpeace também destaca a falta de transparência na indústria de mineração de Bitcoin, afirmando que muitas empresas não divulgam seu consumo de energia ou emissões de carbono. Essa opacidade impede a responsabilização adequada e obscurece o verdadeiro impacto ambiental da mineração de Bitcoin.

A organização ambientalista pede que as instituições financeiras assumam a responsabilidade pelos danos climáticos causados por seus investimentos e que alinhem suas práticas financeiras com metas corporativas de zero carbono. O Greenpeace sugere que o Bitcoin deve mudar de seu atual mecanismo de consenso Proof-of-Work (PoW) para um modelo que use menos energia, como a Prova de Participação (PoS), adotada pelo Ethereum.

BlackRock na mira do Greenpeace

A BlackRock, em particular, tem investido pesado em empresas de mineração de Bitcoin, possuindo investimentos significativos em mineradoras como Marathon Digital, Riot Blockchain, Cipher Mining e TeraWulf. No total, os investimentos da BlackRock nessas empresas somam aproximadamente US$ 410 milhões, posicionando a empresa como uma das maiores acionistas no setor de mineração de Bitcoin.

O Greenpeace argumenta que a BlackRock, devido ao seu tamanho e influência, deve liderar a defesa por mudanças no código do Bitcoin para reduzir seu impacto ambiental. O relatório aponta que o código do Bitcoin é atualizado regularmente e pode ser modificado para enfrentar a crise climática.

Uso de energia renovável na mineração de Bitcoin

Apesar das críticas, o uso de energia renovável no processo de mineração de Bitcoin tem crescido. O relatório mais recente da Bitcoin Mining Council indica que aproximadamente 60% da energia utilizada na mineração é proveniente de fontes sustentáveis, como hidroelétricas, energia solar, eólica, nuclear e geotérmica.

Um estudo da Batcoinz revela que a porcentagem de energia renovável utilizada na mineração de Bitcoin é maior do que qualquer outra indústria. Em comparação, a indústria do ouro usa apenas 12,8% de energia renovável, enquanto os setores bancários, industrial e de agricultura utilizam 39,2%, 32% e 19,6%, respectivamente.

Com o custo da energia sendo o principal gasto das mineradoras de Bitcoin, essas empresas estão sempre buscando soluções para reduzir esse custo, o que frequentemente leva ao aumento do uso de fontes de energia renovável.

O Greenpeace conclui seu relatório afirmando que, para proteger o clima e as comunidades, é essencial que as empresas que financiam operações de mineração em grande escala promovam soluções mais sustentáveis e transparentes.

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Gustavo Morais

Jornalista, com pós-graduação em Produção e Crítica Cultural. Cerca de 20 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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