Projeto propõe queimar Ethereum para criar novo token, mas já falhou com Bitcoin
O Ethereum Community Foundation, na última quinta-feira (28), anunciou o Burn ETH (BETH), um novo token que poderá ser criado por meio da queima de Ethereum (ETH). A ideia é que essa queima leve a uma escassez do ETH, mas o futuro do BETH levanta algumas preocupações.
Histórias similares já foram vistas, especialmente no universo do Bitcoin. Um projeto anterior, que tinha um conceito parecido, resultou em um “token morto” e deixou mais de R$ 1,27 bilhão em Bitcoin inacessíveis para sempre. É uma lição que muitos na comunidade de criptoativos não esquecerão tão cedo.
Burn ETH não é a mesma coisa que a queima já existente do Ethereum
O Ethereum já conta com um mecanismo de queima que foi introduzido há cerca de 4 anos. Nesse modelo, parte das taxas de transação é queimada para ajudar a controlar a oferta e a escassez do ETH. Esse sistema trouxe um momento deflacionário pontual, mas atualmente a inflação anual do ETH está em 0,8%.
A nova proposta do Burn ETH parece ser uma tentativa de reduzir a quantidade de ETH em circulação através de uma queima voluntária. O funcionamento é simples: quando um usuário envia ETH para um contrato específico, essa quantidade é imediatamente queimada, ou seja, remove-se do total circulante. Em troca, o usuário recebe a mesma quantia em BETH.
“Se você enviar 1 ETH, ele será queimado e você receberá 1 BETH de volta, estabelecendo uma relação de 1:1 entre o ETH queimado e o BETH recebido”, explica a descrição do projeto.
Nomes influentes estão de olho na ideia
Algumas figuras conhecidas do universo cripto estão apoiando essa iniciativa. Joseph Lubin, cofundador do Ethereum e criador da Consensys, deu o seu “selinho” de aprovação. Ele até comentou: “Enormes parabéns para a equipe, pode ser o melhor trabalho de vocês. A queima de ETH vai gerar novas indústrias e uma mecânica divertida em jogos Web3.”
Essas palavras de apoio ajudam a conferir mais credibilidade ao projeto, que já começa com um empurrão positivo da comunidade.
Pontos importantes sobre o Burn ETH (BETH)
Zak Cole, fundador da Ethereum Community Foundation, comparou o BETH ao Wrapped Ethereum (WETH), mas sem mencionar que os WETH podem ser trocados de volta por ETH, o que não ocorre no caso do BETH. “Esses novos mecanismos incluem governança pela queima, mineração por prova de queima e leilões onde os lances se transformam em queima, sem gerar receita”, comentou Cole.
A mensagem de Cole parece indicar que essa queima de ETH poderia ser vista como queimar uma nota de R$ 100 em vez de usá-la para uma compra. Além disso, ele ressalta que o BETH não carrega o mesmo valor que um ETH, servindo apenas como um “sistema de recibos de queima”.
A experiência passada de queimar Bitcoin
O cenário do Burn ETH lembra uma experiência anterior com o Counterparty (XCP) em 2014, onde a moeda XCP foi criada por meio da queima de Bitcoin. Mais de 2.130 bitcoins foram queimados, mas com o tempo a ligação entre a queima e o valor da XCP se perdeu. Hoje, a XCP está avaliada em R$ 44 milhões, enquanto os bitcoins queimados estão acessíveis apenas em nossa memória, valendo atualmente cerca de R$ 1,27 bilhão.
Isso levanta um ponto interessante sobre o futuro do BETH. Dada a história da Counterparty, não é difícil imaginar que o Burn ETH também possa acabar se tornando um projeto sem relevância ao longo do tempo.