Regulador da UE alerta sobre riscos de ações tokenizadas
Tokens cripto atrelados a ações têm gerado preocupações, especialmente porque quem possui esses tokens não recebe os mesmos direitos que um acionista comum. Essa informação vem da diretora executiva da Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA), Natasha Cazenave. Ela compartilhou esses insights numa conferência em Dubrovnik, na Croácia.
Cazenave explicou que várias empresas já estão explorando a tokenização de ações e outros ativos financeiros. Esses tokens, que se apoiam em ações armazenadas em empresas específicas, podem parecer interessantes, pois permitem acesso fácil e a divisão de propriedades. No entanto, ela alertou que, muitas vezes, não oferecem os direitos típicos de um acionista.
Para deixar isso mais claro, ela comentou que se esses tokens forem considerados reivindicações sintéticas em vez de propriedades diretas, isso pode criar confusão para os investidores. É essencial que as informações sejam apresentadas de forma clara e que existam medidas de proteção.
Recentemente, a Federação Mundial de Bolsas de Valores pediu que os reguladores de todo o mundo, incluindo a ESMA, adotem uma postura mais rigorosa em relação às ações tokenizadas. O argumento é que elas não têm as mesmas proteções que as ações tradicionais oferecem.
Ações tokenizadas ainda têm baixa liquidez
Cazenave também afirmou que a União Europeia está na vanguarda da tokenização de ativos, com iniciativas em andamento desde 2019, através do banco de investimentos do bloco e do ministério das finanças da Alemanha. Ela destacou que a tokenização pode trazer muitos benefícios, como ampliar o acesso, baixar os custos de emissão e tornar a negociação mais ágil.
No entanto, é importante ressaltar que, apesar de alguns avanços, a maioria dos projetos de tokenização ainda é pequena e apresenta baixa liquidez. Muitas dessas iniciativas são realizadas por meio de ofertas privadas e, geralmente, os ativos são mantidos até seu vencimento. Além disso, a compatibilidade entre as diferentes plataformas de emissão ainda é um desafio.
ESMA busca um equilíbrio entre inovação e proteção
A diretora da ESMA comentou que o órgão está aberto a explorar o potencial das novas tecnologias, mas sempre com foco na proteção dos investidores e na estabilidade do sistema financeiro. Para Cazenave, a tokenização pode ainda melhorar a interoperabilidade, a transparência e a eficiência nas transações internacionais, contanto que seja realizada com um bom suporte legal.
A União Europeia está testando um projeto-piloto na área de blockchain, permitindo que empresas experimentem novos produtos com certas isenções. Isso, junto com o que foi aprendido com o Regulamento dos Mercados de Criptoativos (MiCA), irá ajudar a moldar como a tokenização deve ser regulada.
Movimentações das plataformas Robinhood e Coinbase
Nos Estados Unidos, a plataforma Robinhood Markets introduziu a negociação de ações tokenizadas na União Europeia em junho. Essa ação gerou debates entre algumas das empresas envolvidas e os Estados-membros da UE. A exchange Kraken, também dos EUA, lançou sua oferta de ações tokenizadas no mesmo mês, mas sem disponibilizá-las para o mercado americano e o europeu.
Enquanto isso, a Coinbase Global está em busca de aprovação dos órgãos reguladores para lançar sua própria versão de ações tokenizadas, mostrando que o cenário está em constante evolução e que as discussões sobre a tokenização realmente estão apenas começando.