Desde a implementação da regulamentação de criptomoedas no Brasil, em junho de 2023, o ambiente para inovação no segmento tem se mostrado promissor. Fábio Plein, diretor da exchange de criptomoedas Coinbase para as Américas, destacou em entrevista ao portal Seu Dinheiro que a segurança jurídica oferecida pelo novo marco regulatório é um atrativo considerável para investidores. Ele compara essa situação com a dos Estados Unidos, onde a regulação mais severa da SEC (Comissão de Valores Mobiliários) tem criado um cenário complicado para o desenvolvimento da indústria.
Nos Estados Unidos, apesar das dificuldades regulatórias, a SEC aprovou em janeiro deste ano ETFs baseados em negociação à vista de Bitcoin, contribuindo para um aumento significativo no mercado de criptomoedas. Segundo Plein, esses fundos tiveram um impacto positivo, com entradas líquidas de US$ 12 bilhões no primeiro semestre. No Brasil, o primeiro ETF exposto 100% ao Bitcoin foi lançado pela gestora QR Asset Management na B3 em 2021, marcando um momento significativo para o mercado financeiro local.
Plein também mencionou que a aprovação dos ETFs nos EUA é apenas um primeiro passo e que a regulação continua sendo um desafio, principalmente porque muitos talentos do setor têm deixado o país devido à abordagem litigiosa da SEC. Por outro lado, ele ressaltou a disposição da Coinbase de explorar oportunidades no Brasil, onde a exchange iniciou operações com suporte para depósitos e saques via Pix em março de 2023.
O potencial da Blockchain e do mercado de ativos reais
Eduardo Galvão, CMO da Ribus, uma plataforma brasileira de ativos do mundo real, vê a regulamentação das criptomoedas como um catalisador para o avanço da tecnologia blockchain, que promove transações seguras e transparentes. Ele acredita que a fusão do mercado de ativos reais com o imobiliário, que movimenta trilhões globalmente, pode revolucionar a forma como as pessoas negociam seus maiores bens, reduzindo barreiras financeiras e de liquidez.
Para ele, a integração entre o mercado de ativos reais e o setor imobiliário, que representa US$ 637 trilhões globalmente e US$ 60 bilhões no Brasil, é poderosa e revolucionária, pois facilita a negociação dos bens mais valiosos das pessoas, suas residências e locais de trabalho. Contudo, Galvão identifica alguns obstáculos no setor imobiliário: o desafio financeiro, motivado pelo alto custo de entrada, e a barreira de saída; e a iliquidez, que complica a monetização e a liquidação dos ativos, tornando o processo exaustivo para os envolvidos.
Este novo panorama regulatório e tecnológico sinaliza uma era de transformações significativas no mercado de criptomoedas e ativos reais, prometendo uma economia mais dinâmica e globalizada.