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S&P rebaixa classificação do USDT da Tether para “fraca”

A S&P Global Ratings fez um alerta sobre a Tether, a empresa por trás da stablecoin USDT. Segundo a agência, a moeda pode não conseguir manter sua paridade de 1:1 com o dólar americano. Isso acontece principalmente por conta dos ativos que a sustentam, como o Bitcoin, que viu seu valor cair nas últimas semanas. Porém, na última quinta-feira (27), essa criptomoeda teve uma alta de mais de 5%.

A S&P, em um relatório publicado na quarta-feira (26), destacou que o USDT pode ficar “subcolateralizado”. Isso significa que, se os ativos que garantem a stablecoin perderem valor, a cobertura das reservas pode ficar abaixo do necessário. A classificação da S&P foi considerada “fraca” em relação à estabilidade do USDT.

Outro ponto levantado pela agência é a falta de transparência da Tether. Eles não fornecem informações claras sobre os custodiantes e contrapartes envolvidos na moeda. A S&P alertou que uma desvalorização do Bitcoin e de outros ativos arriscados poderia afetar a cobertura das reservas do USDT.

Mesmo com um grande volume de reservas em títulos do Tesouro dos Estados Unidos e outros equivalentes em dólares, a Tether ainda oferece informações limitadas sobre como esses fundos são geridos. A agência também mencionou problemas como a ausência de um regulamento robusto e a falta de segregação de ativos para se proteger contra insolvências.

O USDT é a criptomoeda mais negociada no mundo e ocupa o terceiro lugar em valor de mercado. De acordo com dados recentes, mais de US$ 76,9 bilhões em tokens USDT foram trocados em corretoras globalmente nas últimas 24 horas. Essa stablecoin, que é emitida pela Tether, com sede em El Salvador, é muito utilizada por traders para fazer transações em criptomoedas sem passar pelos bancos tradicionais.

Ela é frequentemente descrita como um “dólar digital”, com reservas que supostamente mantêm o seu valor estável em relação à moeda americana. Contudo, a empresa enfrenta investigações e ações judiciais por não ser clara o suficiente sobre a origem de suas reservas. A Tether afirmou estar disposta a se submeter a uma auditoria independente, realizada por uma das principais firmas de contabilidade.

Tether responde às críticas

No mesmo dia em que o relatório da S&P foi divulgado, a Tether se manifestou, afirmando que “discorda totalmente” da avaliação da agência. Em um comunicado, a empresa destacou que o USDT opera há mais de dez anos e sempre demonstrou resiliência, mesmo diante de crises financeiras e volatilidade intensa no mercado.

O CEO da Tether, Paolo Ardoino, expressou em uma rede social sua indiferença em relação à classificação negativa e ainda fez uma crítica aos modelos de avaliação de risco usados pela S&P. Ele ressaltou que esses modelos, criados para instituições financeiras tradicionais, muitas vezes levam investidores a colocarem suas riquezas em empresas que, apesar de receberem boas notas, acabaram falindo.

Além disso, um porta-voz da Tether comentou que a adoção do USDT está crescendo, à medida que mais pessoas encontram usos para essa moeda.

É bom lembrar que stablecoins como o USDT já enfrentaram desafios semelhantes no passado. Por exemplo, a USDC, que é a quarta maior criptomoeda por valor de mercado, chegou a cair para 87 centavos de dólar em 2023, após uma revelação sobre suas reservas. Já em 2022, a stablecoin algorítmica UST, do projeto Terra, passou por um colapso que gerou um rombo significativo na indústria, levando várias empresas à falência.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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