A Europa está se mobilizando para afirmar sua soberania monetária ao considerar a criação de stablecoins atreladas ao euro. A necessidade dessa ação se torna evidente quando percebemos que, sem isso, o continente corre o risco de entregar o controle financeiro digital aos Estados Unidos, que atualmente dominam o mercado com suas moedas digitais.
Recentemente, Pierre Gramegna, um importante membro da União Europeia, fez um apelo para que a Europa acelere a emissão dessas moedas atreladas ao euro. Durante uma audiência onde se discutiu a economia da zona do euro e os ativos digitais, Gramegna enfatizou que não podemos depender exclusivamente de stablecoins em dólar. Ele acredita que essa dependência pode comprometer a autonomia financeira da Europa.
Oportunidade de Inovação Financeira
As declarações de Gramegna vêm em um momento crucial. Com os EUA liderando o setor de moedas digitais, especialmente após a aprovação do GENIUS Act, há uma preocupação crescente entre os europeus. As autoridades estão cientes de que a dependência de tokens emitidos nos EUA pode enfraquecer o controle sobre o sistema financeiro europeu.
Paschal Donohoe, o presidente do Eurogrupo, também se manifestou sobre o tema. Ele concordou com Gramegna, ressaltando que a criação de um euro digital poderia modernizar os pagamentos e trazer benefícios para o comércio na região. O Banco Central Europeu (BCE) está explorando esse projeto, que poderia estar disponível até 2029. Os diálogos entre os estados-membros estão progredindo, e há um consenso crescente sobre a necessidade de um euro digital.
Reduzindo a Dependência do Dólar
As autoridades europeias estão se empenhando em desenvolver stablecoins lastreadas em euro. A intenção é diminuir a dependência de ativos atrelados ao dólar. Em julho, Jürgen Schaaf, um conselheiro do BCE, destacou a importância da coordenação global na regulamentação dessas moedas. Ele alertou que discrepâncias regulatórias entre os EUA e a Europa podem reforçar a supremacia do dólar.
Além disso, Schaaf defendeu que stablecoins bem reguladas poderiam reforçar a soberania monetária da Europa. Enquanto isso, Fabio Panetta, governador do Banco da Itália, observou que o euro digital poderia suprir a necessidade de uma moeda mais competitiva na região.
Propostas em Andamento
O BCE já está trabalhando em projetos para aprimorar os pagamentos internacionais. Nove dos maiores bancos europeus, como ING e CaixaBank, planejam lançar uma stablecoin com euro até 2026, buscando licenciamento de acordo com a regulamentação europeia. Essa iniciativa pretende oferecer soluções de pagamento mais rápidas e acessíveis, podendo ser uma resposta direta ao domínio das stablecoins dos EUA.
Os dados atuais mostram que há uma quantidade reduzida de tokens lastreados em euro, o que evidencia um grande espaço a ser preenchido por regulamentadores e instituições financeiras na Europa. Essa movimentação demonstra o compromisso europeu em se tornar mais autônomo no cenário digital global, e a realização desses projetos pode trazer um futuro mais equilibrado no setor financeiro.
