Trump recorre da decisão sobre o governador Cook
Donald Trump está em meio a um giro jurídico envolvendo a governadora do Federal Reserve, Lisa Cook. O presidente recorreu de uma decisão do tribunal que questiona sua tentativa de demitir Cook, em um momento que não poderia ser mais delicado, já que o Fed está prestes a decidir sobre as taxas de juros.
Os advogados do Departamento de Justiça, que representam Trump, contestaram uma liminar do tribunal de 9 de setembro. Eles argumentam que a possibilidade de remover Cook “por justa causa” é uma prerrogativa ampla do presidente e não deve ser analisada pelos tribunais. Isso quer dizer que, ao tirar alguém do cargo com essa justificativa, a decisão é vista como uma questão de discrição, sem necessidade de avaliação judicial, pelo menos segundo a defesa.
Trump tentou afastar Cook no final de agosto, citando comportamentos que, segundo ele, seriam “enganosos e potencialmente criminosos” ligados a hipotecas. Em resposta, Cook alega que essa demissão extrapola o poder do presidente e que seus direitos ao devido processo foram violados. O processo gerou uma discussão acalorada sobre o alcance da autoridade do presidente em fazer esse tipo de remoção e levantou preocupações sobre a independência do Fed, o que pode impactar a credibilidade do dólar americano.
Evidências que favorecem Cook
Novas informações surgiram e parecem entrar em contrariedade com as acusações do governo. Um documento de maio de 2021 revela que a propriedade de Cook em Atlanta era usada como uma casa de férias. Isso reforça sua defesa de que a propriedade foi corretamente declarada como uma segunda residência, e não como a residência principal, conforme noticiou a NBC. Essa documentação pode enfraquecer as alegações do governo sobre declarações falsas nas solicitações de hipoteca.
A decisão sobre as taxas do Fed se aproxima
O recurso de Trump chega em um momento crucial, a poucos dias de uma decisão importante sobre as taxas de juros do Federal Reserve, que será anunciada na quarta-feira. As expectativas no mercado indicam que é bastante provável que o Fed corte as taxas de juros, a primeira vez desde dezembro de 2024.
Os mercados futuros da CME estimam uma probabilidade de 96,4% de um corte de 25 pontos-base, levando a taxa para uma faixa entre 4,0% e 4,25%. Há também uma pequena chance, de 3,6%, de um corte maior de 50 pontos-base. Especialistas, como Joe Brusuelas, economista-chefe da RSM, comentam que, embora os cortes de juros sejam esperados, os dados econômicos não dão indícios de que haverão mais do que três cortes até o final do ano.
Enquanto isso, rumores circulam sobre Rick Rieder, executivo da BlackRock, que está se destacando como um forte candidato ao posto de próximo presidente do Fed, a partir da saída de Jerome Powell em maio.