USP cria ferramenta de IA para prever agressividade do câncer
Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e da Universidade de Ciências Médicas de Poznan, na Polônia, deram um passo importante na luta contra o câncer. Eles desenvolveram uma ferramenta de inteligência artificial (IA) que ajuda a prever a agressividade de diferentes tipos de câncer. Essa novidade pode transformar a forma como tratamos a doença.
A pesquisa, publicada em junho na revista científica Cell Genomics, se baseia em um conceito interessante: o índice de stemness baseado na expressão proteica, também conhecido como PROTsi. Mas o que isso significa? Basicamente, esse índice analisa o quanto as células tumorais se parecem com células-tronco pluripotentes, aquelas que conseguem se transformar em qualquer tipo de célula do corpo. Essa análise é fundamental, pois ajuda a identificar, desde cedo, características do câncer que podem ser críticas, como a resistência a tratamentos e o risco de recaídas. Tudo isso aponta para a criação de terapias mais personalizadas e eficazes, segundo o Centro de Terapia da USP.
O PROTsi foi desenvolvido a partir de 1.300 amostras do Consórcio de Análise Proteômica Clínica de Tumores (CPTAC), que envolvem 11 tipos diferentes de câncer, como o de mama, ovário, pulmão, rim, útero, cérebro (tanto pediátrico quanto adulto), além de cabeça e pescoço, cólon e pâncreas. Os resultados mostraram que a ferramenta de IA consegue diferenciar tumores mais agressivos, especialmente em casos de adenocarcinoma, câncer do útero, pâncreas e câncer cerebral em crianças.
A integração do PROTsi com dados de 207 células-tronco pluripotentes levou o grupo a identificar proteínas que podem aumentar a agressividade de alguns tipos de tumores. Essas moléculas têm um grande potencial: podem se tornar alvos para novas terapias, tanto gerais quanto específicas. Assim, essa ferramenta vai além de apenas prever o câncer — ela também pode contribuir para personalizar o tratamento e acelerar o desenvolvimento de novas soluções clínicas.
Um detalhe interessante é que muitas dessas proteínas já são alvos de medicamentos que estão disponíveis hoje para pacientes com câncer e outras doenças. A professora Tathiane Malta, do Laboratório de Multiômica e Oncologia Molecular da FMRP-USP, destacou que a equipe conseguiu chegar até essas moléculas ao associar o fenótipo de stemness e a agressividade tumoral.
Enquanto isso, o Conselho Nacional de Educação (CNE) está avaliando uma proposta para incluir a inteligência artificial na grade curricular de cursos de graduação em Pedagogia e Licenciaturas no Brasil. É uma sinalização de que as inovações tecnológicas também estão ganhando espaço na educação.