Western Union aposta em stablecoins: visão de oportunidade
A Western Union está mostrando um novo olhar sobre as stablecoins, à medida que a competição no mercado de remessas globais esquenta e as regras começam a ficar mais claras. Em uma conversa recente com a Bloomberg, Devin McGranahan, o CEO da empresa, destacou três maneiras pelas quais a Western Union enxerga essas moedas digitais como uma oportunidade, não uma ameaça.
Primeiramente, as stablecoins podem acelerar os pagamentos internacionais. Além disso, oferecem melhores opções de conversão em mercados mais complicados e podem criar um produto que funcione como reserva de valor para os clientes em países com moedas menos estáveis. Essa mudança na percepção acontece num momento em que há um crescente interesse no setor financeiro, especialmente depois que a Lei GENIUS foi sancionada nos EUA, criando um marco legal para a emissão e negociação dessas criptomoedas.
McGranahan mencionou que a Western Union já está testando novas formas de liquidação em regiões como América do Sul e África. A empresa também está se aproximando de parceiros para facilitar a entrada e saída de criptoativos, além de avaliar a introdução de carteiras digitais com stablecoins. É um movimento que representa uma evolução no setor, visto que as stablecoins são vistas como uma opção mais conveniente e econômica para transferências financeiras.
Um custo elevado
Darren Wang, da OwlTing Group, uma empresa taiwanesa de tecnologia blockchain, comentou sobre esse crescente interesse, destacando que a taxa média global para remessas ainda está em torno de 6,6%. As stablecoins, por sua vez, têm o potencial de reduzir esses custos para menos de 3%, que é a meta estipulada pela ONU. Isso se dá pelo fato de as stablecoins eliminarem intermediários e taxas cambiais, permitindo liquidações quase instantâneas, 24 horas por dia.
Wang acredita que a clareza nas regras, como a Lei GENIUS nos EUA e o MiCA na Europa, está acelerando essa transformação. Ele prevê que grandes empresas finalizem seus testes até o final de 2025 e vislumbra uma adoção em larga escala em 2026.
Apesar do avanço, há céticos
Entretanto, nem todos estão convencidos dessa nova direção. Nos EUA, a senadora Elizabeth Warren expressou preocupações sobre a Lei GENIUS, apontando que a aprovação pode permitir que bilionários do setor de tecnologia lancem moedas privadas que rastreiam as transações pessoais e afetam a concorrência. A senadora alerta para os riscos caso essas moedas venham a falhar, o que poderia levar a um cenário problemático para os consumidores.
Além disso, grandes varejistas como Walmart e Amazon estão também olhando para as stablecoins, assim como empresas na China, como JD.com e Alipay, que estão buscando aprovações para operar com criptomoedas em mercados internacionais. Apesar de ainda existirem desafios no setor de remessas, como a infraestrutura e taxas de conversão, Wang notou um aumento no uso das stablecoins, especialmente entre pequenas e médias empresas.
Essas empresas, em especial, estão aproveitando a transparência e a rapidez das transações, que muitas vezes superam os serviços bancários tradicionais. O futuro parece promissor para quem conseguir eliminar intermediários e oferecer soluções integradas dentro do ecossistema de pagamentos.