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Bitcoin é incluído na Universidade de Brasília por nova parceria com MIT

A Digital Currency Initiative (DCI), que faz parte do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), anunciou recentemente uma nova fase chamada DCI Global. Essa rede de pesquisa será focada em parcerias com universidades e organizações sem fins lucrativos que estejam interessadas em estudar e ensinar sobre Bitcoin e outras criptomoedas. Uma novidade bem bacana para o Brasil é que a primeira colaboração será com a Universidade de Brasília (UnB).

O professor Edil Medeiros, da UnB, compartilhou detalhes desse projeto. Natural de Brasília, ele é engenheiro eletricista e tem mestrado e doutorado em Microeletrônica, sempre focado em tecnologias emergentes, especialmente o Bitcoin.

Bitcoin começou como curiosidade

Com 14 anos de experiência como professor, Edil leciona disciplinas em Eletrônica e Computação, além de cursos sobre Bitcoin. Ele contou que seu interesse pelo Bitcoin surgiu lá em 2011, enquanto participava de um grupo de estudos sobre economia austríaca na UnB. Mas foi só em 2023 que ele resolveu se aprofundar realmente no assunto, estudando o Bitcoin Core e conhecendo os desenvolvedores por trás do protocolo.

Segundo Medeiros, o ambiente da UnB é bastante receptivo a novas ideias, o que facilitou a introdução do tema Bitcoin. “O foco da maioria estava em Inteligência Artificial, e ninguém estava tratando de criptomoedas de forma sistemática. Por isso, minha proposta foi bem recebida pelos colegas”, destacou.

Com o apoio da professora Cláudia Abbas, nasceu o Núcleo de Pesquisa em Blockchain e Tecnologias Afins da UnB, conhecido como UnbChain. O curso inaugural, chamado “Protocolo Bitcoin”, visa não apenas ensinar o básico, mas também preparar os alunos para participar de projetos open-source.

“Esse curso é único no mundo por ser totalmente focado em Bitcoin. Ele aborda questões que são frequentemente vistas como ‘detalhes de implementação’, mas que na verdade são fundamentais para entender a complexidade e a manutenção do protocolo”, explicou Medeiros.

A escolha da UnB pelo MIT

Quando questionado sobre como a UnB se tornou a primeira parceira do DCI Global, Edil atribui o mérito a Lucas Ferreira, fundador da Vinteum. Ele menciona que Lucas sempre se preocupou com a falta de interação entre o ecossistema do Bitcoin e o mundo acadêmico.

Medeiros conta que Lucas o conectou à Neha Narula, diretora da DCI. “Em fevereiro, fomos ao MIT e decidimos criar essa rede de pesquisa. Assim, faria sentido integrar meus cursos de Bitcoin na UnB”, relatou.

Ele enfatiza que essa parceria não se trata de uma escolha unilateral: “Estamos construindo isso juntos, e queremos que essa rede de pesquisa seja mais orgânica e menos planejada de cima para baixo.”

O apoio do MIT trará especialistas internacionais para lecionar na UnB, além de oferecer participação remota e disponibilizar materiais de curso sob licença open-source até o final do ano.

Design e engenharia de criptomoedas

O curso “Design e Engenharia de Criptomoedas” é outra iniciativa que surgiu dessa parceria com o MIT. A proposta é discutir não só o funcionamento das criptomoedas, mas por que elas funcionam.

Medeiros delineia o que o novo curso abordará:

  1. Fundamentos: discutir os problemas que as criptomoedas visam resolver e as bases que possibilitam a descentralização do dinheiro.
  2. Design de protocolos e trade-offs: entender como os diferentes objetivos refletem nas arquiteturas das criptomoedas.
  3. Escalabilidade, privacidade e direções futuras: explorar as limitações atuais das criptomoedas e as novas soluções emergentes.

“O foco é analisar Bitcoin e stablecoins, mas também estudaremos outras criptomoedas para entender por que seus designs são eficazes”, complementou.

Certificação, intercâmbio e expansão

O curso de Bitcoin na UnB é optativo para alunos de engenharia e ciência da computação, mas aberto para estudantes de outras áreas, uma vez que não há requisitos formais. No MIT, a prioridade será para alunos de computação e professores de outras universidades.

Na UnB, os alunos ganham 60 horas de créditos e já existem planos de intercâmbio: Medeiros irá ao MIT em outubro e, em novembro, um professor de lá dará uma aula em Brasília. O objetivo é viabilizar eventualmente a participação de alunos.

Medeiros também menciona que há planos de expandir o projeto para outras universidades brasileiras, dependendo do interesse de seus colegas. Já está ocorrendo eventos como o Bitcoin Student’s Day em várias instituições, com o apoio da Vinteum.

“A Vinteum tem sido fundamental para unir as pessoas e encontrar financiamento para as viagens e infraestrutura necessárias. Lucas deseja conectar mais o ecossistema do Bitcoin à academia, e acredito que veremos mais frutos dessa parceria no futuro”, finaliza.

Cursos gratuitos de Edil Medeiros

Edil Medeiros acredita que a educação de qualidade deve ser acessível a todos. Pensando nisso, ele oferece diversas aulas gratuitas em seu canal no YouTube, alcançando estudantes não apenas do Brasil, mas também de países africanos de língua portuguesa. Entre os conteúdos, destaca-se seu curso sobre Protocolo Bitcoin de 2024, que é disponível sem custos na plataforma.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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