Notícias

Criptomoedas e Starlink: um impulso para o crime, aponta pesquisador

O pesquisador Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, trouxe à tona questões importantes sobre a modernização das organizações criminosas no Brasil durante sua participação em uma audiência pública na CPI do Crime Organizado. Seu foco foi a relação entre as facções e a utilização de bitcoin e outras criptomoedas na gestão financeira desses grupos.

Manso apontou que as organizações estão deixando de lado métodos tradicionais para operar com tecnologias descentralizadas, como as criptomoedas. Essa mudança deu a elas um acesso direto ao mercado global, sem depender de bancos tradicionais.

Ele destaca que essa nova realidade exige uma postura diferente das autoridades de segurança pública. A CPI está analisando a atuação de grupos como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), que estão ativos no Brasil há mais de 30 anos. A análise do pesquisador se torna controversa, pois levanta questões sobre o verdadeiro impacto das criptomoedas nesse cenário.

Fim dos Doleiros e a Era dos Criptoativos

Manso compartilhou que a figura do doleiro, que antes tinha um papel significativo na movimentação de dinheiro, está perdendo espaço. Com as transações digitais, é possível transferir grandes quantias de forma muito simples — um exemplo prático é a possibilidade de levar bilhões de dólares em um pen drive.

As criptomoedas operam em redes descentralizadas, o que significa que funcionam de maneira semelhante a protocolos de internet. Elas possibilitam o envio de valores de forma segura e que não podem ser alterados, graças à tecnologia chamada blockchain. Com isso, surgiu um sistema financeiro paralelo, atuando fora das regulações tradicionais.

Fintechs, Apostas e Satélites no Novo Ecossistema

Além disso, Manso destacou o papel das fintechs e das casas de apostas online. Esses serviços acabam criando novas possibilidades para disfarçar patrimônios e dar uma aparência legítima a recursos ilícitos. O dinheiro virtual, aliado a esses meios de pagamento, se torna uma nova ferramenta para esconder e lavar dinheiro.

Outro ponto interessante mencionado foi a tecnologia Starlink, criado por Elon Musk. Essa inovação permitiu a comunicação na Amazônia, um local que antes era isolado. Isso facilitou a coordenação de atividades ilícitas, tornando a vida das quadrilhas muito mais prática e eficiente em termos de comunicação.

O depoimento de Manso levantou diversas questões sobre como as novas tecnologias estão moldando o crime organizado no Brasil, e como as autoridades precisam se adaptar a essa nova realidade.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo