Os primeiros entusiastas do Bitcoin, que tanto batalharam pelo crescimento dessa moeda, têm suas dúvidas sobre a adoção do Bitcoin por instituições, segundo Preston Pysh, cofundador do fundo de risco Bitcoin Ego Death Capital. No bate-papo com Natalie Brunell no podcast Coin Stories, ele mencionou que essa cultura de ceticismo é uma das razões que manteve o Bitcoin relevante até hoje. Muitos na comunidade estão observando as mudanças e perguntando: “Estão nos enganando de novo, como em outras fraudes do passado?”
Essa inquietação é compartilhada por muitos que vêem o crescente interesse institucional como um sinal de que o Bitcoin pode estar mudando seu propósito original. O receio é que essas instituições, envolvidas em práticas financeiras tradicionais, possam impactar a essência do Bitcoin e sua confiabilidade como um “porto seguro” em momentos de crise.
As preocupações dos bitcoiners são válidas, especialmente quando consideramos que o grupo que ajudou o Bitcoin a ultrapassar a marca de um trilhão de dólares é formado, em grande parte, por indivíduos que mantiveram suas criptomoedas mesmo durante quedas drásticas de mercado. “Nós, que temos um apego ao Bitcoin, somos, em certa medida, psicopatas do Bitcoin”, afirmou Pysh, brincando sobre a dedicação da comunidade ao ativo.
Esses comentários surgem em um momento em que a discussão sobre a relação entre as instituições financeiras e o Bitcoin está mais quente do que nunca. Recentemente, o analista Scott Melker, também conhecido como O Lobo de Todas as Ruas, afirmou que, embora o Bitcoin continue incrível, ele está sendo dominado por aqueles que eram contrários à sua criação, antes visto como um meio de proteção.
Por outro lado, Ryan McMillin, da Merkle Tree Capital, apontou que o fato de o Bitcoin “antigo” estar sendo vendido a novas instituições é um sinal de sua integração com o sistema financeiro. Isso levanta questões importantes sobre como o ativo pode ser utilizado de maneiras diferentes entre indivíduos e empresas.
## Instituições usarão Bitcoin “de forma muito diferente” dos indivíduos
Pysh menciona que o verdadeiro espírito do Bitcoin pode estar sob pressão. Ele acredita que, à medida que as instituições se envolvem mais, haverá um desvio em como esse ativo é utilizado. “Acredito que as instituições usarão o Bitcoin de maneiras que podem não se alinhar com o que muitos esperam ou desejam”, comenta ele.
Essa ideia pode ser difícil de aceitar para os puristas do Bitcoin, que tradicionalmente são céticos em relação a mudanças impostas pelo mercado financeiro tradicional. A discussão sobre a identidade do Bitcoin permanece forte, com um relatório recente da Coinbase e da EY-Parthenon apontando que 83% dos investidores institucionais pretendem aumentar suas alocações em criptomoedas até 2025. Isso mostra que, embora exista um ceticismo saudável, a tendência de adoção só parece crescer.
