Empresas de criptomoedas adotam recompras para valorizar ações
As tesourarias de empresas que lidam com criptomoedas estão vendo uma movimentação interessante: um aumento no valor de suas ações, especialmente depois de anunciar programas de recompra. Isso, segundo os especialistas, pode ser um bom indicativo de que essas empresas estão se esforçando para ganhar mais credibilidade.
Recentemente, a empresa de mídia Thumzup, associada a Trump Jr. e que possui Bitcoin e Dogecoin, decidiu ampliar sua recompra de ações de um milhão para dez milhões de dólares. A notícia fez suas ações subirem 7% durante o dia e mais 0,82% no after-market, alcançando o valor de US$ 4,91.
Outra movimentação veio da DeFi Development Corp, ligada à Solana, que também anunciou um aumento significativo em sua recompra, passando de um milhão para 100 milhões de dólares. Com isso, suas ações dispararam mais de 5% antes de fecharem com um crescimento superior a 2%, e mais 1% no after-market, a US$ 15,50.
Esse fenômeno de recompra vem à tona após insights de analistas da Coinbase, que identificaram uma nova dinâmica no mercado. Dizem eles que as empresas estão entrando em uma espécie de competição feroz pelo capital dos investidores.
A Corrida por Credibilidade
Ryan McMillin, diretor de investimentos da Merkle Tree Capital, comentou que essas recompras de ações estão mudando a narrativa no setor cripto. Segundo ele, agora não basta afirmar que se possui Bitcoin. Os investidores esperam estratégia e profissionalismo nas decisões de alocação de capital, como recompras e dividendos.
“Essa combinação de finanças corporativas com a paixão por ativos digitais é poderosa. Essas empresas querem ser avaliadas não só pela quantidade de Bitcoin que têm, mas pelo retorno que oferecem aos seus acionistas”, destacou.
Recompras e Confiança no Mercado
Vale lembrar que nem todas as tesourarias têm se beneficiado com as recompras. Por exemplo, a TON Strategy Company, anteriormente conhecida como Verb Technology, pecou pelo mesmo caminho e viu suas ações caírem 7,5% após fazer um anúncio semelhante.
McMillin ressaltou que as recompras são um sinal clássico de confiança. Quando uma empresa acredita que suas ações estão subvalorizadas, essa é uma forma eficaz de mostrar disciplina e valor ao acionista. Isso pode diminuir a diferença entre o valor real e o preço de mercado das ações.
Ao aumentar a demanda e limitar a oferta de ações, as recompras podem, de fato, impulsionar o preço. Além disso, a compra de mais Bitcoin também traz à tona a questão da volatilidade.
Dólar e Bitcoin em Conflito
Stadelmann, da Komodo, apontou que ao usar reservas em caixa para recompra de ações, as empresas acabam diminuindo o número de papéis disponíveis no mercado. Isso pode gerar uma pressão de alta nos preços.
“Estamos vendo uma verdadeira competição para determinar qual empresa cria a estrutura mais atraente. O cenário atual aponta para uma ‘hiperbitcoinização’, uma maneira de desdolarização, onde o Bitcoin é posicionado contra o dólar”, comentou.
Tesourarias Cripto Chegaram para Ficar
Atualmente, o Bitbo está atento às empresas que estão adicionando Bitcoin aos seus balanços. Até agora, mais de 1,4 milhão de bitcoins foram incorporados, o que representa cerca de 6,6% da oferta total. A Strategy, de Michael Saylor, lidera essa lista com 638.985 BTC e continua suas aquisições.
Alguns analistas alertam que o mercado está saturado e que nem todas essas empresas vão sobreviver a longo prazo. No entanto, Stadelmann acredita que o fenômeno das tesourarias cripto só tende a aumentar. Ele prevê que cada vez mais empresas, inclusive da Fortune 500, começarão a destinar parte de suas reservas a essas ativos digitais.
“Uma grande preocupação para os investidores é identificar quais empresas realmente têm potencial para manter seus Bitcoins, mesmo em períodos de crise ou queda do mercado”, concluiu.