O preço do ouro alcançou um recorde histórico recentemente, subindo para US$ 3.485 por onça. Essa alta veio logo depois que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, fez comentários sobre a inflação em sua rede social. Enquanto isso, o Bitcoin, que normalmente se move em conjunto com o ouro, apresentou uma tendência oposta neste mesmo dia, um movimento curioso que muitos analistas chamam de “personalidade dividida” desse criptoativo.
Nos últimos dois anos e meio, o ouro, o Bitcoin e o índice Nasdaq costumavam caminhar juntos, aumentando seus preços de forma sincronizada. No entanto, essa relação começou a mudar. Tony Sycamore, analista da IG, mencionou que, nas últimas semanas, a correlação entre o ouro e o Bitcoin quebrou. Segundo ele, isso é algo comum por curtos períodos. “O Bitcoin às vezes é visto como uma reserva de valor ou um porto seguro, e em outras, é encarado como um ativo de risco”, explicou.
A ascensão do ouro ocorreu após Trump afirmar que os preços estão “muito mais baixos” nos EUA e que praticamente não há inflação. Em contraste, o Bitcoin caiu para US$ 107.290, registrando sua menor cotação desde julho, o que representa uma queda de mais de 13% desde o pico histórico de meados de agosto.
Correlação entre Bitcoin e ouro é questionada
Cada vez mais, a relação entre o Bitcoin e o ouro tem sido questionada. Vince Yang, cofundador da plataforma Ethereum layer-2 zkLink, comentou que atualmente esses ativos não estão se movendo em sincronia. “A correlação entre eles tem sido baixa, em alguns momentos até negativa. Enquanto o ouro é o porto seguro tradicional, o Bitcoin está mais vinculado a aspectos de liquidez e risco de mercado”, afirmou. Para ele, esses dois ativos acabam se equilibrando em vez de caminhar juntos.
Por outro lado, Tony Sycamore acredita que essa correlação pode se restabelecer mais cedo ou mais tarde. Ele sugere que, se Trump efetivamente tocar na economia e o Fed decidir cortar as taxas em meio a uma inflação persistente, tanto o Bitcoin quanto o ouro podem subir juntos novamente. “É tudo uma questão de ver em que nível o Bitcoin encontrará um ponto de apoio”, completou.
Bitcoin pode estar apenas atrasado em relação ao ouro
Dados históricos mostram que os movimentos de alta do Bitcoin costumam acontecer cerca de 150 dias após o ouro alcançar novos máximos. Durante a pandemia, o preço do ouro passou de US$ 2.000, e isso foi seguido pela explosão do Bitcoin para um novo recorde no ano seguinte. Joe Consorti, da Theya, comentou que o Bitcoin parece seguir o ouro com um atraso que varia entre 100 e 150 dias.
Esses fenômenos mostram como o mercado de criptomoedas e o de metais preciosos ainda apresentam interações complexas, convidando tanto investidores quanto curiosos a observar atentamente as tendências e movimentos desse universo.
