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Por que esta vez pode ser diferente?

Bastou o presidente do Banco Central dos Estados Unidos, Jerome Powell, mencionar a possibilidade de mudar a política monetária nas reuniões de setembro para que o preço do Bitcoin desse um salto. Ele passou de mínimas de US$ 112.000 para US$ 117.429 no dia 22 de agosto.

Embora esses ganhos tenham desaparecido no fim de semana, as reações dos traders mostram um panorama: cortes nas taxas de juros podem afetar positivamente o valor do Bitcoin (BTC). No simpósio de Jackson Hole, Powell deixou no ar algumas incertezas sobre as futuras diretrizes monetárias. De um lado, a economia está desacelerando, e, de outro, o ex-presidente Donald Trump pressiona o Fed por cortes nos juros. Enquanto isso, a inflação continua resistente, e um relaxamento na política monetária poderia, na verdade, causar um aumento nos preços de produtos e serviços nos Estados Unidos.

Uma análise recente da Bipa, por meio de Caio Leta, que é o responsável pelo conteúdo da exchange, sugere que o ciclo de aumento de juros iniciado em 2022 está perto do fim. Mas ainda paira a dúvida sobre como será a intensidade desses cortes. Leta observou que, “em 2025, com a inflação mais sob controle e sinais de desaceleração econômica, o Fed parece prestes a começar cortes graduais. O mercado acredita que esses cortes serão mais cautelosos do que os de antes, porque a ideia é equilibrar o crescimento econômico e evitar uma nova onda inflacionária.”

Com o Bitcoin cotado 10% abaixo da sua máxima histórica de US$ 124.000, alcançada em 14 de agosto, a tendência de alta das criptomoedas depende bastante do que acontecer com as políticas do Fed.

Preço do Bitcoin e Ciclo de Juros do Fed

O relatório da Bipa mostra que, desde 2018, quando a capitalização de mercado do Bitcoin se estabilizou acima de US$ 100 bilhões, houve uma relação direta entre os ciclos de alta do Bitcoin e as decisões do Fed sobre as taxas de juros. “Desde 2018, o que se viu foi que quedas nos juros estão sempre ligadas a momentos de alta no preço do Bitcoin, enquanto subidas nas taxas resultam em quedas”, destaca Leta.

Até mesmo em períodos de baixa, quando os juros caíram, foi notado que o preço do Bitcoin atingia seus mínimos e se recuperava em seguida. Por exemplo, em 2019, com o Fed reduzindo os juros de 2,5% para 1,75%, o Bitcoin saltou de cerca de US$ 3.000 para US$ 14.000. Naquele momento, a redução se deu em resposta à guerra comercial de Trump contra a China.

O ciclo de alta vivido entre 2020 e 2021 veio junto de uma política de juros a zero, uma tentativa de minimizar os impactos da pandemia. Isso gerou um boom em ativos de risco, fazendo com que o S&P 500 recuperasse suas perdas e o Bitcoin subisse de menos de US$ 5.000 para quase US$ 69.000 em novembro de 2021. É uma prova clara de como a abundância de liquidez se traduz em valorização de ativos escassos, como o Bitcoin.

Entendendo a Diferença desse Ciclo

Ao olharmos para o presente, a retomada dos cortes de juros, que foram interrompidos em janeiro, pode ser o que faltava para reverter a atual tendência de baixa do Bitcoin. No entanto, se a pausa se manter, isso pode significar o fim do mercado de alta atual.

Além disso, o que instiga a dinâmica do mercado não é apenas a política monetária. A adoção de criptomoedas por instituições financeiras e empresas, através de ETFs e Tesourarias de Ativos Digitais (DATs) que mantêm Bitcoin em seus balanços, está cada vez mais solidificando a presença do Bitcoin nas finanças tradicionais.

Segundo o relatório, “se o Fed finalmente cortar os juros em 2025, poderemos ver não apenas uma repetição dos ciclos anteriores, mas talvez uma aceleração.” A nova demanda institucional aliada a uma política monetária favorável pode oferecer um ciclo ainda mais forte e resiliente. “Pela primeira vez, temos a chance de ver um ciclo de afrouxamento que não só favorece ações e imóveis, mas também o ativo de melhor performance da última década.”

Vale mencionar que as estimativas atuais indicam que a liquidez global deve atingir o pico no final de 2025, somando US$ 33 trilhões em dívidas a vencer em 2026 em economias desenvolvidas. Portanto, o Bitcoin pode estar se preparando para enfrentar mais um teste desafiador, caso as condições de liquidez se tornem mais restritivas.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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