Operadores de derivativos estão com uma visão um pouco mais positiva em relação ao Bitcoin para o mês de setembro. Apesar de todo o clima de incerteza econômica, os especialistas notam uma volatilidade moderada — ou seja, há espaço para mudanças, mas não grandes surpresas. Nos últimos dois dias, o Bitcoin subiu 3% e agora está sendo negociado em torno de US$ 111.000, segundo a CoinGecko.
Essa alta, no entanto, não vem junto de um aumento considerável nos volumes de negociação. Observa-se um movimento de compras mais passivas, com um crescimento em ofertas a 10% de profundidade no livro de ordens. Em resumo, a recuperação do preço não está sendo alimentada por compras agressivas, mas por uma estratégia mais cautelosa de alguns investidores.
Nos últimos dois dias, o interesse em aberturas de contratos perpétuos aumentou 2,35%, atingindo US$ 30 bilhões. Isso mostra que os operadores estão se preparando para os números de emprego que serão divulgados em breve.
O cenário também está sendo influenciado pela sazonalidade de setembro, que historicamente apresenta desempenho fraco. Esse fator está levando os investidores americanos a reavaliar suas posições enquanto se aproximam do fechamento do ano fiscal, marcado para 30 de setembro.
Mercado de Opções em Movimento
Por outro lado, o mercado de opções de Bitcoin apresenta temperaturas diferentes. Sean Dawson, especialista da plataforma Dervie, aponta que muitos traders estão apostando em uma alta nas opções que vencem no dia 26 de setembro. Isso fica claro com o acúmulo de posições nas faixas de US$ 120.000, US$ 130.000 e US$ 140.000.
Dawson explica que como os formadores de mercado possuem posições líquidas longas, uma alta no preço do Bitcoin pode ser amortecida pela venda de proteção (ou “hedge”). Isso significa que, mesmo que o preço suba, existe um movimento para garantir as posições. E em caso de quedas, os traders tendem a comprar para salvaguardar seus ativos, minimizando as perdas.
A volatilidade implícita do Bitcoin para os próximos 30 dias está em torno de 30%, destacando um período de movimentos de preços mais contidos. Contudo, os investidores ainda estão de olho em alguns indicadores críticos. A inclinação delta de 25 pontos-base, que mede a demanda por proteção contra quedas, aumentou de 6,75 para 12 recentemente. Isso sinaliza que, mesmo que as expectativas sejam de um mercado tranquilo, a cautela é necessária para enfrentar possíveis quedas abruptas.
Olhando para o Futuro
A curto prazo, a direção do mercado depende do relatório de Folha de Pagamento Não Agrícola que será divulgado na sexta-feira. Se o relatório vier otimista, pode limitar os danos do que é conhecido como “setembro vermelho”, um período historicamente mais desafiador para os ativos.
Além disso, há uma expectativa de que o Federal Reserve faça um corte de 25 pontos-base na taxa de juros, o que é visto como bastante provável. Contudo, se esse corte não acontecer na próxima reunião do FOMC, setembro poderá ser um mês difícil para os investidores.
