Novas regras para criptomoedas podem impulsionar mercado
Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABcripto) em colaboração com a PwC Brasil mostrou que 90% das empresas ainda veem a regulamentação das criptomoedas como um grande obstáculo para o setor. Mesmo diante desse cenário, as últimas movimentações do Banco Central e novas diretrizes da Receita Federal prometem trazer mais clareza e estabilidade para o mercado.
Além disso, 80% das empresas analisadas reconhecem as criptomoedas como a tecnologia mais impactante para seus negócios. O estudo ressalta que tanto o blockchain quanto a tokenização estão se tornando elementos fundamentais na economia digital. Para Fabio Moraes, Diretor de Educação e Pesquisa da ABcripto, o progresso do setor depende muito da combinação entre inovação tecnológica e segurança jurídica.
“Estamos construindo uma infraestrutura financeira digital que é sólida e inclusiva. O Brasil tem um mercado maduro em termos de blockchain e cripto, mas para deslanchar, precisamos de um ambiente regulatório confiável,” afirmou Moraes. Ele acredita que o casamento entre regulamentação clara e inovação garante um crescimento sustentável.
Regras para criptomoedas
O estudo aponta que a maioria das empresas, cerca de 73%, tem um domínio alto ou profundo sobre criptomoedas. Além disso, 97% delas destacam os benefícios dessa tecnologia em áreas como investimento e meios de pagamento. A tokenização, estratégica para muitas empresas, é dominada por 74% delas, que enxergam aplicações em eficiência operacional e captação de recursos.
A consolidação do blockchain como infraestrutura essencial está evidenciada, com 83% das empresas dominando essa tecnologia. O reconhecimento das oportunidades de transformação associado ao seu uso chega a 77%. Contudo, apenas 3% das empresas questionadas ainda não veem valor na tecnologia.
Empresas que trabalham com finanças descentralizadas (DeFi) são reconhecidas por 47% do mercado, enquanto os NFTs estão no radar de 9%. A expectativa é que, à medida que a regulamentação e a padronização técnica avancem, essas tecnologias ganhem ainda mais força.
Ana Gonçalves, sócia da PwC Brasil, destaca que a tecnologia é um recurso valioso que pode aumentar a eficiência e a capacidade operacional. No entanto, também enfatiza que a cibersegurança nunca deve ser ignorada, pois é crucial acompanhar o crescimento do setor.
“Haverá clareza na atuação do mercado, mas a regulamentação sozinha não conseguimos eliminar todos os dedos apontados sobre segurança digital,” afirma Ana.
Perfil do mercado
O cenário das criptomoedas no Brasil é diverso, com uma mistura de fintechs, startups e grandes corporações. Do total de empresas analisadas, 53% atuam nos serviços financeiros, enquanto 23% estão no setor de tecnologia e 10% em serviços profissionais. Também há presença de empresas em educação e infraestrutura digital.
Embora muitas empresas venham do setor financeiro, 63% delas não possuem licença bancária, ressaltando a entrada de novos players. Em termos de maturidade organizacional, 53% estão em fase de consolidação, 20% em expansão, 20% dando os primeiros passos e 7% desenvolvendo produtos mínimos viáveis.
O faturamento das empresas varia bastante: 30% movimentaram entre R$ 0,5 milhão e R$ 5 milhões em 2024, enquanto 27% superaram R$ 200 milhões. As expectativas de crescimento são otimistas, com 57% esperando uma expansão que varia de 1% a 50%.
Além disso, 50% das empresas atendem exclusivamente pessoas jurídicas, 43% atuam com ambos, PJ e PF, e 7% focam no setor varejista.
A importância da regulamentação
A regulamentação surge como principal preocupação para 90% das empresas, seguida por preocupações com cibersegurança (48%) e a escassez de profissionais qualificados (47%). O setor acredita que a consolidação ocorrerá em um prazo de médio a longo prazo, sendo que 60% das empresas esperam isso nos próximos dois a cinco anos.
A nova resolução do Banco Central, prevista para entrar em vigor em fevereiro de 2026, vai estabelecer regras de governança e gestão de riscos para os prestadores de serviços de ativos virtuais. Essa decisão é vista como essencial para profissionalizar o setor e promover maior transparência.
“A regulação traz um alinhamento entre inovação e segurança. O Brasil vive um momento especial em que a tecnologia deixa de ser um sonho e passa a ser a base real para uma economia digital,” afirma Fábio Moraes.
Ana também destaca que as novas diretrizes estabeleçam exigências rigorosas para a operação de instituições financeiras. Isso deve promover um ambiente mais seguro e confiável para as operações digitais.
Metodologia
O estudo ‘Criptoeconomia no Brasil 2025’ foi elaborado pela PwC Brasil em parceria com a ABcripto e envolveu empresas de vários segmentos do ecossistema de ativos digitais. A pesquisa foi realizada por meio de questionários e entrevistas qualitativas entre agosto e outubro de 2025, abrangendo empresas de diversas regiões do Brasil, com uma concentração maior no Sudeste, seguido pelo Sul, Nordeste e Centro-Oeste.
Esse levantamento avaliou aspectos como perfil organizacional, faturamento, maturidade tecnológica e o impacto da regulamentação, entre outros.





